Araguaia é parque de diversão para turista-pescador
Em Aruanã, interior de Goiás, viajantes são orientados sobre a lei que protege espécies ameaçadas de extinção
Trajeto pelo rio inclui paradas para almoço em praias que surgem em julho e agosto, época de seca na região
Os 2.100 quilômetros de extensão do rio Araguaia abrigam uma grande variedade de peixes e outros animais, atraindo, principalmente, turistas-pescadores.
Em Aruanã, interior de Goiás, é possível contratar, nos hotéis, o serviço de um barco cadastrado na associação local de barqueiros. A diária, que custa a partir de R$ 600, inclui combustível, material de pesca e piloto.
Não se esqueça de levar: chapéus e bonés, protetor solar, repelentes, camisetas de manga longa e calças para não sofrer com o sol.
Para aproveitar, acorde cedo. Antes mesmo de o sol nascer, os barqueiros já estão prontos para transportar os turistas. Carregadas de mantimentos para o almoço, combustível extra e bebidas, as embarcações sobem o rio em busca dos melhores pontos para a pesca.
Todos são orientados sobre a legislação de Goiás, que exige a devolução do peixe após a captura. Se a intenção for o consumo, o limite é de cinco quilos por pessoa. O intuito da cota é proteger as espécies ameaçadas de extinção, como pirarara, piraíba, jaú e dourado.
Perto da hora do almoço, o barco para em uma das pequenas praias que surgem no rio entre junho e agosto, período de seca do Araguaia.
A refeição é simples: arroz, salada e peixe. Há quem prefira fazer churrasco.
A parada também é um bom momento para observar os pássaros que se aproximam e devoram os miúdos jogados na água. Antes de partir, todo o lixo é recolhido e levado para o barco.
Aruanã é conhecida como a praia do goiano. Nos meses de seca, o lugar fica lotado. Estruturas completas são montadas, incluindo, em alguns casos, geradores, chuveiros e helipontos.
A cidade também conta com uma casa de cultura indígena, mantida pelo cacique Hawakati Mauri, 65, da tribo dos carajás.
Para completar a viagem pelo rio Araguaia, vale esticar mais 320 km pela estrada até a pequena Luiz Alves, conhecida por atrair visitantes em busca de peixes grandes.
Se a pesca render, o turista não vai conseguir postar as fotos nas redes sociais imediatamente. Isso porque rede de celular da cidade não suporta conexão com a internet, e o wi-fi, disponível em pousadas e hotéis, é fraco na maioria das vezes.
Por causa da seca do rio, julho também é o melhor mês para visitar Luiz Alves. As praias formadas são um convite para o banho, mas é preciso atenção: jacarés e piranhas frequentam a região.
Para o viajante que estiver disposto a encarar mais uma hora de barco, uma boa opção de acomodação é a Pousada Cristalino, isolada e acessível somente pelo rio.
“Foram quase dois dias de viagem, com escala em São Paulo, mas vale muito a pena todo esse esforço”, diz Maria Dirce, 55, que saiu de Curitiba (PR) com o marido e mais seis amigos rumo à pousada no rio Cristalino, um dos afluentes do Araguaia.
O grupo foi recepcionado de forma inusitada: um filhote de jacaré descansava na margem da praia e não pareceu se intimidar com o movimento dos barcos e turistas.
Sempre acompanhada do marido, Wilson Carraro, 58, Dirce aproveita suas férias para praticar a pesca esportiva Brasil afora. Amazonas e Pantanal estão na lista de lugares visitados.