Lição de cidadania
A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, proferida pelo juiz Sergio Moro, esclareceu, de uma ver por todas, que ninguém está acima da lei. Essa é uma importante lição de cidadania para a sociedade: foi-se o tempo em que os poderosos não enfrentavam a Justiça.
No Brasil, costumava-se dizer que a lei se aplicava aos mais pobres e humildes, já aos que podiam contratar os melhores advogados, se aplicariam as brechas da lei. A decisão é um firme recado para a população, que espera justamente o respeito à cidadania, às instituições e ao Estado democrático de Direito.
É preciso ressaltar que a determinação do magistrado está baseada na lei, em fatos e em provas. É uma decisão técnica. Em uma robusta e bem fundamentada sentença, o juiz Sergio Moro não deixa margem para argumentações contrárias.
Restou a Lula o papel de vítima, encenar o drama de perseguido político, em discurso vazio, estéril e típico daqueles descobertos e condenados por suas práticas de corrupção. Lula não é mais o líder em que os brasileiros um dia confiaram.
O ex-presidente aproveitou-se de sua posição para obter vantagens pessoais. Comandou a “propinocracia”, o crime organizado instalado pelo PT no centro da República, uma máquina de corrupção para financiar um projeto de poder.
Não importa se Petrobras, fundos de pensão ou BNDES, todo esse patrimônio nacional estava à mercê dos saques comandados pelo partido do então presidente. Inclusive o Brasil ficou pequeno, e as condutas delituosas ultrapassaram nossas fronteiras para alcançar países vizinhos, cúmplices ideológicos de um esquema criminoso alardeado como o maior do mundo.
Ressalte-se que a sentença simboliza um passo importante no combate à corrupção e à impunidade. Essas são como irmãs gêmeas que caminham lado a lado, ameaçam a nossa democracia e combatê-las é o grande desafio que a sociedade brasileira impõe a suas instituições.
A Operação Lava Jato tem passado o Brasil a limpo, levando às barras da Justiça aqueles que se achavam fora de seu alcance. Precisamos acabar com essa ideia de que alguém está acima ou à margem da lei.
É o que defendo igualmente na Câmara, na condição de relator da PEC que propõe o fim do foro privilegiado, um resquício aristocrático e obsoleto ainda presente em nossa Constituição.
Vimos partidários do ex-presidente, e o próprio Lula, se apressando em tentar desqualificar a sentença e a Justiça. Dizem que há perseguição política, que não há provas, que o juiz Moro não tem a necessária isenção para julgar o ex-presidente. Não admitem que a ocultação de patrimônio é, justamente, um dos elementos que caracterizam a lavagem de dinheiro e outros crimes cometidos.
Convenhamos, a fábula do lulopetismo, que tanto mal fez ao país, está com os dias contados. O encontro de Lula com a Lei da Ficha Limpa está mais próximo do que nunca, e o cenário político para 2018, cada vez mais distante para o PT.
A sociedade está atenta. Mudou e pede mudanças. Não quer modificar apenas a cara dos políticos, mas a cara da política. Quer mais transparência e coerência, instrumentos da democracia e cidadania de um povo que já não aceita mais políticos corruptos, que usam discursos populistas para chegar ao poder. Quer gestão, serviços de qualidade e respeito ao dinheiro público.
Lula se acha acima dos meros mortais. Mas terá de enfrentar na Justiça as consequências de seus atos. Como disse o próprio Moro em sua sentença: “não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você”. EFRAIM FILHO,
O Congresso está totalmente descolado da sociedade e, de fato, não nos representa. Enquanto 93% da população do país desaprova o governo Temer, esse mesmo governo conta com o apoio de cerca de 70% dos parlamentares.
CARLOS ALBERTO LOPES NEVES
Geddel é liberado, Lula é condenado e Temer vence na CCJ. Realmente, o PMDB é um partido de profissionais. Pobre Brasil!
LUIZ FERNANDO PAULIN
Troca-troca fisiológico na CCJ para atender interesses pessoais do presidente Temer, Loures e Geddel tendo privilégios no acesso a tornozeleiras eletrônicas com concordância da Justiça. Nossa democracia virou uma esculhambação. Dá vergonha de ser brasileira.
FABIANA TAMBELLINI
Os políticos deste país são uma vergonha. Está na hora de os eleitores acordarem e darem o merecido troco nesse bando de oportunistas, fazendo melhores escolhas nas próximas eleições desta “ré-pública tupiniquim”!
VALMIR GENTIL AGUIAR
O sempre brilhante Hélio Schwartsman desta vez se superou. Em “Crepúsculo de um ídolo” (“Opinião”, 14/7), descreveu sua desilusão com Lula e com o PT, dos quais fora admirador. Assim deveria ser a reação de pessoas de bom senso, que não estão cegas pelo fanatismo que turva a verdade, tão cristalina e triste.
WAGNER JOSÉ CALLEGARI
Acompanho a trajetória de Lula desde 1989. Imaginava que as pessoas que acreditavam nele e o defendiam eram ingênuas ou que esse fenômeno era, como disse Hélio Schwartsman, “falta de uma visão mais realista da natureza humana”. Hoje, tenho certeza, é uma questão de caráter.
THEREZINHA L. OLIVEIRA
Sobre a coluna de Vladimir Safatle (“O golpe final”, “Ilustrada”, 14/7), a luta por um país justo continua. O Brasil avançou muito e há muito o que fazer. Devemos continuar na labuta, dialogando com o povo e defendendo a política honesta.
GERALDELI DA COSTA ROFINO
Planos econômicos Admirável a reportagem publicada sobre o acordo para acertar correções dos planos econômicos. Sem abordar o posicionamento dos poupadores, tal acordo visa somente aos interesses corporativos e aos do governo. Há falha jornalística ao não ouvir o outro lado e divulgar os cálculos apresentados pelo Idec, que divergem dos números apresentados pelo governo e pelos bancos (“Acordo sobre correção para planos econômicos deve sair até agosto”, “Folhainvest”, 11/7).
ORSON MUREB JACOB,