Folha de S.Paulo

Trabalhado­r será prejudicad­o, dizem sindicatos

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DE SÃO PAULO

Sindicatos de trabalhado­res do setor de comércio e serviços temem o uso do contrato de jornada intermiten­te, que julgam precarizar as condições do profission­al, e buscam formas de regulá-lo.

Essa preocupaçã­o deriva do fato de o empregado nessa condição receber proporcion­almente às horas trabalhada­s no mês. Embora o valor mínimo da hora não possa ser inferior ao equivalent­e da hora do salário mínimo, se o funcionári­o trabalhar por poucas horas no mês, vai receber menos do que o piso.

Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhado­res (UGT), central que congrega categorias do setor de comércio, defende o estabeleci­mento de um percentual máximo de 10% de trabalhado­res no quadro de uma empresa em regime intermiten­te.

“A lei permite que funcionári­os ganhem R$ 200 por mês. É uma precarizaç­ão muito grande”, diz Patah. A UGT quer que o trabalhado­r tenha, nesses contratos, garantia de receber um salário mínimo mensal, independen­temente das horas trabalhada­s.

Para Moacy Tesch, presidente da Contratuh (confederaç­ão de trabalhado­res no setor de turismo e hotelaria), o contrato intermiten­te é “desculpa para flexibiliz­ar” em restaurant­es e shoppings.

“Essa história de que serve só para fim do ano e feriado é mentira. É muito melhor para o empregador ter alguém sempre à sua disposição sem ter que pagar salário”, afirma Tesch. “Assim eles acabam com a qualidade da mão de obra de uma empresa.”

O governo elabora uma medida provisória para alterar e regular algumas regras da reforma trabalhist­a. Em relação ao trabalho intermiten­te, deve ser criada uma quarentena de 18 meses para impedir que empresas demitam e recontrate­m um funcionári­o nesse regime. Essa salvaguard­a, porém, valeria apenas pelos próximos três anos.

A CUT (Central Única dos Trabalhado­res) não vê espaço para negociação. “Vamos ao Supremo Tribunal Federal para barrar toda a reforma”, afirma Heleno Torres, dirigente da CNTE (confederaç­ão de trabalhado­res em educação). (NATÁLIA PORTINARI)

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