Folha de S.Paulo

Falha em prestação de conta bloqueia verba do basquete

CBB não pode ter recurso público repassado por comitê olímpico

- PAULO ROBERTO CONDE

DINHEIRO

Apesar de a suspensão imposta pela Fiba (federação internacio­nal) ter sido derrubada no mês passado, a CBB (Confederaç­ão Brasileira de Basquete) se depara com outro problema que a impede de captar recursos.

Com prestações de contas pendentes da administra­ção anterior, a confederaç­ão continua impedida de receber verba da Lei Piva —que destina 1,7% do prêmio pago aos apostadore­s de todas as loterias federais do país ao COB (Comitê Olímpico do Brasil).

A Folha apurou que a CBB não prestou contas relativas a mais de R$ 200 mil repassados pelo COB, que reparte os recursos da Lei Piva, e teria que devolver esse valor.

Desde a punição da Fiba após os jogos, a confederaç­ão perdeu o patrocínio do Bradesco e ficou sem receber verbas públicas, como as da Lei Piva.

O COB confirmou que ainda não pode liberar verba devido aos atrasos. A confederaç­ão de basquete teria direito a até R$ 2,2 milhões neste ano.

“Para que volte a receber recursos da Lei Agnelo/Piva, a CBB precisa apresentar as comprovaçõ­es necessária­s e/ou devolver os valores pertinente­s”, disse o comitê.

Apesar disso, o COB pode fazer concessões para que em situações excepciona­is os atletas não sejam lesados.

“Os recursos para a participaç­ão do basquete brasileiro nas competiçõe­s internacio­nais, essenciais para este ciclo olímpico, serão executados diretament­e pelo COB, visando não prejudicar os atletas”, complement­ou.

O comitê não forneceu informaçõe­s sobre quantos projetos estão pendentes e nem detalhou valores a respeito.

As seleções masculina e feminina têm compromiss­os em agosto: disputam a Copa América, que, no caso das mulheres, dá vaga na Copa do Mundo da Espanha-2018.

Historicam­ente, em dezembro, o comitê olímpico divulga qual a previsão de repasse da Lei Piva para cada confederaç­ão no ano posterior. As entidades apresentam projetos para obter liberação dos recursos. Depois que consegui-los e empregálos, são obrigadas a comprovar o gasto ao COB.

As prestações são averiguada­s pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério da Transparên­cia e Controlado­ria-Geral da União.

Sem dinheiro em caixa, a CBB tem sofrido para definir sua nova estrutura. O novo técnico da seleção feminina, Carlos Lima, foi anunciado na sexta-feira (7), a um mês do início da Copa América. A equipe masculina ainda não tem um treinador definido.

A confederaç­ão foi administra­da entre 2009 e 2017 por Carlos Nunes, que fez as dívidas saltarem cerca de 1.350%.

Em meio a isso, a Fiba suspendeu a entidade entre novembro e junho por entender que ela descumpria obrigações seladas em seu estatuto.

Em março, Guy Peixoto assumiu a presidênci­a. Procurada pela Folha, a CBB não fez comentário­s.

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