Folha de S.Paulo

Ana Marcela ressurge na Hungria com velho novo técnico

Recuperada de cirurgia e frustração olímpica, nadadora reata parceria de sucesso e disputa Mundial de olho em 2020

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DE SÃO PAULO

Ana Marcela Cunha, 25, já foi eleita três vezes a melhor maratonist­a aquática do mundo, mas encara o Mundial de Esportes Aquáticos de Budapeste, na Hungria, como se fosse uma novata.

A nadadora baiana planeja reinserir-se na elite mundial após frustrar-se com um décimo lugar nos Jogos do Rio, em agosto, passar por cirurgia para retirar o baço em outubro e ver sua continuida­de no esporte em xeque.

Seu primeiro teste no campeonato será às 5h (de Brasília) deste domingo (16), com a disputa dos 10 km, distância faz parte do programa dos Jogos Olímpicos.

Ela e Viviane Jungblut, 21, serão as representa­ntes brasileira­s entre as 63 inscritas.

Para voltar à melhor fase, Ana Marcela refez o laço com o técnico Fernando Possenti, com quem trabalhou entre 2013 e 2015 —ela vinha sendo treinada por Márcio Latuf.

A parceria rendeu cinco medalhas à atleta nos Mundiais de Barcelona-2013 e Kazan-2015 (um ouro, duas pratas e dois bronzes) e fez Possenti receber o prêmio de melhor treinador do mundo nas temporadas de 2014 e 2015.

“Estamos bem no início de um projeto visando à Olimpíada de 2020 [em Tóquio], mas já me sinto pronta para lutar em igualdade com minhas rivais e brigar por medalhas”, afirmou Ana Marcela.

Ela também disputará os 5 km e os 25 km em Budapeste.

No Mundial de Kazan, em 2015, ela foi ao pódio nas três provas. “Minha expectativ­a é de poder nadar de forma muito competitiv­a”, disse ela.

A maratonist­a e o técnico retomaram as atividades em conjunto em maio. A expectativ­a aumentou depois que a baiana terminou a etapa de Setúbal (Portugal) da Copa do Mundo, no dia 24 de junho, na sexta posição.

Parece pouco, mas foram apenas dois segundos atrás da italiana Rachele Bruni, vice-campeã olímpica.

No cálculo de Ana Marcela e Possenti, foi um indicativo precioso de que alcançar a elite é algo factível, principalm­ente se levado em conta o histórico recente dela.

Antes da Rio-2016, a nadadora descobriu ser portadora de doença autoimune que destruía suas plaquetas. Para não afetá-la na Olimpíada, decidiu-se que só seria feita intervençã­o após o evento.

Os planos se frustraram porque Ana Marcela, que era apontada como favorita ao ouro no Rio, terminou longe do pódio, em décimo lugar, prejudicad­a por perder uma reposição alimentar durante a prova —a outra brasileira na contenda, Poliana Okimoto, terminou com bronze.

Sem a medalha, ela passou por cirurgia para retirar o baço em outubro. A extração do órgão a afastou das atividades por quase dois meses, só que solucionou a deficiênci­a na produção de plaquetas.

Nos nove meses que se passaram desde então, Ana Marcela sofreu para voltar a treinar e penou para embalar até conquistar, em maio, a vaga para o Mundial da Hungria.

“Estou voltando à minha melhor forma muito rapidament­e. A sensação é a melhor possível”, afirmou a atleta.

Tudo isso faz parte, segundo Ana Marcela, do intento maior que é obter uma medalha olímpica em Tóquio-2020, a única láurea que lhe falta.

“O Mundial marca o início do projeto pela Olimpíada de 2020. Quero os melhores resultados possíveis desde já.” (PAULO ROBERTO CONDE) NA TV 10 km feminino

SporTV 3

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Ricardo Nogueira - 4.abr.2017/Folhapress Ana Marcela Cunha em treino na Universida­de Santa Cecília, em Santos

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