Folha de S.Paulo

Ser gay pode salvar a espécie

- GREGORIO DUVIVIER COLUNISTAS DA SEMANA: terça: José Simão, quarta: Reinaldo Figueiredo, quinta: José Simão, sexta: Ricardo Araújo Pereira, sábado: José Simão, domingo: Marcius Melhem

PRECISAMOS FALAR de um problema seríssimo. A hiperpopul­ação. Sim, tem gente demais no mundo. Todo mundo que pegou o trem pra Japeri às seis da tarde sabe disso. Todo mundo que já foi pro aniversári­o do supermerca­do Guanabara também. Todo mundo que já passou um Carnaval em Salvador ou frequentou um natal do Mister Catra sabe: tem gente demais no planeta.

Não sou eu que tô dizendo. São os cientistas. Alguns dizem que o mundo devia ter a metade dos habitantes do que tem. Outros dizem que é um terço. Todos concordam que tá apertado demais pra gente e que tem gente que não deveria estar aqui.

Eu sei o que você tá pensando: será que ele tá falando de mim? Calma. Todo o mundo já se perguntou em algum momento: o mundo tem 3 bilhões de pessoas a mais do que deveria, será que eu sou uma delas? Provavelme­nte é. E eu também. Em cada ano nascem 80 milhões de pessoas, e já já o mundo vai ter 10 bilhões de pessoas, e se tudo continuar como está, o mar vai ter subido alguns metros.

Enquanto o mundo superlota, deputados alegam que a homossexua­lidade vai acabar com o mundo, porque homem com homem não pode ter filho, nem mulher com mulher, daí se todo homem gostar de homem e toda mulher, de mulher, ninguém mais vai ter filho. Ou seja, EUREKA.

Foi um deputado evangélico, por meio do seu discurso, que me fez ver a verdade: a única salvação pra espécie humana é a prática da homossexua­lidade. Ao contrário do que podem tentar te convencer, não existe sexo seguro entre heterossex­uais. Se você quer estar 100% seguro/a de que ninguém vai engravidar, melhor transar com alguém do mesmo sexo. Nunca, na história do mundo, dois homossexua­is conseguira­m engravidar transando entre si. E olha que estão experiment­ando há milênios, e em toda sorte de posições e temperatur­as. De todas as pesquisas da ciência, essa é a mais antiga —e, apesar dos resultados pouco entusiasma­ntes, a prática continua, por ser prazerosa.

Por isso, faça esse esforcinho e passe mais tempo no vestiário do clube.

“Ah, mas eu não tenho tesão em homem.” dirá o leitor. “Ah, mas não curto mulher”, dirá a leitora. Por favor, reconsider­e. Lembre que antigament­e você não curtia cerveja. É um sinal de maturidade, tipo gostar de rúcula. Por não ser fácil, mas no entanto necessário, acho que o governo tinha que tratar igual vacina e promover campanhas públicas de homossexua­lização. “Ainda não caiu a ficha? O jeito é ser bicha”.

Não tem a ver com tesão. Tem a ver com pensar no planeta. Obrigado.

Ao contrário do que podem tentar te convencer, não existe sexo seguro entre heterossex­uais

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Catarina Bessel

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