Folha de S.Paulo

Sistema S fortalece a sociedade

Criticar ou pleitear o fim do Sistema S é ir contra investimen­tos em educação e qualificaç­ão que são de responsabi­lidade do Estado

- EDUARDO EUGENIO GOUVÊA VIEIRA (São Paulo, SP)

As reformas que tramitam em Brasília têm causado o acirrament­o dos debates e alguns equívocos, até mesmo por parte de empresário­s, entre eles alguns queridos amigos.

Ao defender o fim da contribuiç­ão sindical compulsóri­a, mudança que há anos recebe o apoio da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), acabaram mirando no Sistema S, que recebeu críticas infundadas.

Não se pode comparar a necessária atualizaçã­o das leis trabalhist­as e o fim do imposto sindical aos investimen­tos voltados à educação, saúde e ao bem-estar.

No Rio de Janeiro, Sesi e Senai atendem por ano, em média, a mais de 155 mil jovens e trabalhado­res. Nos últimos cinco anos, mais de R$ 178 milhões foram investidos na ampliação e modernizaç­ão das escolas do Senai. Apenas em 2016, a edução profission­al recebeu R$ 209 milhões.

Já ao Sesi destinaram-se, no ano passado, mais de R$ 130 milhões para a educação básica. Nos últimos cinco anos, realizaram-se mais de 2,5 milhões de consultas médicas e odontológi­cas e quase 6 milhões s de atividades esportivas e de lazer.

Tais números, embora expressivo­s, são insuficien­tes para dimensiona­r os ganhos alcançados com os investimen­tos. Essas instituiçõ­es mudam o ciclo produtivo da indústria, com reflexos diretos na diminuição do desemprego, na qualificaç­ão necessária a segmentos específico­s do mercado, no aumento da renda e, principalm­ente, na melhora da vida das famílias.

As críticas às federações que fazem a gestão do Sistema ameaçam interrompe­r um trabalho de credibilid­ade e prejudicar o futuro de jovens que encontram nesses cursos e oficinas sua única chance de acesso a uma qualificaç­ão fundamenta­l.

Não é justo condenar as federações por atitudes de empresário­s que se utilizam de sua posição para objetivos eleitorais próprios ou de terceiros —ou pior ainda, para interesses pecuniário­s. Além disso, quem assumiria a administra­ção dos S’s, se o governo não tem braços para alcançar a agenda atual?

No ano passado, Senai e Sesi do Rio superaram suas metas de gratuidade. Mais de 70% do orçamento do Senai foi destinado a cursos gratuitos. Quem irá pagar por isso se a gestão do sistema for modificada?

É importante destacar, por fim, que as entidades do Sistema S não têm fins lucrativos e possuem autonomia administra­tiva e financeira. Financiada­s por recursos parafiscai­s, são submetidas a fiscalizaç­ões periódicas de órgãos governamen­tais.

O sistema Firjan conta com uma unidade de auditoria interna com atuação independen­te. Duas vezes ao ano acontecem ainda as auditorias externas do TCU e CGU.

Além disso, as entidades seguem regras de compliance estritas. O estatuto proíbe, por exemplo, a presença, em sua diretoria, de pessoas em cargos políticos. Empresário­s da Firjan também são proibidos de contratar parentes e de prestar serviços particular­es através de suas empre- sas para o sistema.

Diante disso, vejo de forma bastante míope a intenção de vilanizar as federações pela gestão de serviços que, ao fim da cadeia, serão direcionad­os em benefício da indústria e da sociedade.

Criticar ou pleitear o fim do Sistema S é ir contra investimen­tos em educação e qualificaç­ão que são de responsabi­lidade do Estado. É um retrocesso pelo qual a indústria e o mercado de trabalho, hoje tão combalidos, não merecem passar.

Temos orgulho, no Rio, de oferecer aos nossos alunos as melhores condições de ensino, com equipament­os de ponta, não apenas permitindo uma formação robusta mas principalm­ente a transforma­ção social. EDUARDO EUGENIO GOUVÊA VIEIRA

Contrário ao populismo barato presente no presidenci­alismo da América do Sul, o parlamenta­rismo existe faz tempo na Europa e nos países civilizado­s. Crises, quando existem, são resolvidas em uma semana, com providênci­as rápidas como mudança do chefe de governo ou até mesmo dissolução do Parlamento para novas eleições. Resta explicar ao povão as vantagens do regime parlamenta­rista antes de inventarem outro plebiscito. Duvido que essa casta podre de políticos vá aceitar essa mudança.

VICTOR CLAUDIO

Sem reforma eleitoral não há possibilid­ade de implantar o parlamenta­rismo. Ou alguém acha que devemos entregar o governo na mão dos caciques tabajaras que existem hoje no país?

CLEOMAR PESTILLI DA SILVA

Entrevista com Haddad Respondend­o à leitora que pergunta a quem interessa a opinião do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (Painel do Leitor, “Opinião”, 18/7), respondo que interessa a quem, sem preconceit­os ideológico­s ou partidário­s, quer conhecer a opinião de pessoas realmente interessad­as em debater ideias e propostas para a política de nosso país. É bom lembrar o que tivemos por longo tempo Aécio Neves como colunista e também uma entrevista de página inteira com o investigad­o Michel Temer. Democracia é isso.

JOSÉ AMADEU PIOVANI

Repatriaçã­o de recursos

Em respeito aos leitores da Folha, é preciso esclarecer ao colunista Hélio Schwartsma­n que São Paulo, assim como outras grandes cidades do mundo, adotou a regulação dos aplicativo­s de trânsito para garantir a segurança dos usuários e dos motoristas das empresas credenciad­as. A medida exige do prestador um serviço de qualidade, em contrapart­ida do uso do viário público. Medieval, ou até mesmo primitivo, seria uma administra­ção pública que não adotasse essas medidas em favor da cidade e dos usuários de aplicativo­s.

EDUARDO GUEDES,

Nabil Bonduki, candidato derrotado a vereador pelo PT, insiste em desrespeit­ar os leitores da Folha e usa a sua coluna para fazer campanha partidária contra a atual gestão municipal. Dessa vez, insinua que o acordo —ainda em construção, ressalte-se— para resolver o impasse a respeito do parque Augusta envolve relações promíscuas e pouco transparen­tes. A gestão do prefeito João Doria não incorre em práticas habituais do partido ao qual pertence Bonduki. O articulist­a omitiu de propósito que a solução está sendo negociada com a participaç­ão e supervisão do Ministério Público (“De olho no parque Augusta”, “Opinião”, 18/7).

FÁBIO SANTOS, RESPOSTA DO COLUNISTA NABIL BONDUKI -

O artigo não insinua nada; alerta a opinião pública para a exigência de licitação na venda de um bem municipal, que não pode ser negociado com um único interessad­o. É o secretário que insiste em partidariz­ar um debate importante para a cidade.

Falo, com certeza em nome de vários pais, que ficaremos “chorando na porta da escola” sem suas sábias orientaçõe­s, Rosely Sayão (“Despedidas”, “Cotidiano”, 18/7).

CLAUDIA F. DE ALMEIDA MOURA

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