Após reunião oficial, Trump teve encontro particular com Putin
Conversa fora da agenda do G20 e sem registro se soma a suspeita de atuação de Moscou na eleição americana
Casa Branca confirmou a conversa no último dia 7, mas não revelou a sua duração ou quais os assuntos abordados
Os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, tiveram uma segunda conversa durante a cúpula do G20 mantida em segredo até agora.
O encontro ocorreu no mesmo dia da reunião oficial de duas horas entre os líderes durante a cúpula do grupo, realizada no dia 7, em Hamburgo, na Alemanha.
A nova reunião foi realizada informalmente no jantar para líderes do G20 e seus cônjuges, confirmou nesta terça (18) a Casa Branca.
O encontro ocorreu em meio à polêmica sobre a possível interferência de Moscou a favor de Trump nas eleições americanas do ano passado.
O FBI (polícia federal dos EUA) e o Congresso investigam se serviços de inteligência russos invadiram sistemas de computadores ligados a partidos políticos americanos para beneficiar o republicano. Washington e o Kremlin negam as acusações.
A Casa Branca não informou quanto durou o segundo encontro ou o que foi discutido. Um de seus porta-vozes tentou ainda minimizar a importância do evento, que disse não ser uma reunião e sim uma “breve conversa”.
Segundo Ian Bremmer, presidente da consultoria de risco político Eurasia Group, Trump levantou de sua cadeira no meio do jantar dos líderes e passou cerca de uma hora falando “de maneira privada e animada” com Putin, acompanhados apenas pelo tradutor do líder russo.
Bremmer disse que a falta de um tradutor americano chamou a atenção dos outros líderes por ser uma “brecha do protocolo de segurança nacional”. A Casa Branca disse que o tradutor se ausentou porque não falava russo.
Ao se referir ao caso, Trump disse que imprensa está “doente”. “As notícias falsas estão se tornando mais e mais desonestas! Até um jantar para 20 líderes na Alemanha parece sinistro.” ADVOGADA SOB SUSPEITA A advogada russa Natalia Veselnitskaia, personagem do escândalo após revelação de que se reuniu com o filho de Trump, já estava na mira das autoridades americanas.
Veselnitskaia se reuniu em junho de 2016 com Donald Trump Jr., filho mais velho do presidente, sob a promessa de oferecer informações comprometedoras sobre a democrata Hillary Clinton. Trump Jr. negou ter recebido quaisquer informações.
Na época, Veselnitskaia trabalhava nos EUA fazendo lobby contra sanções impostas contra a Rússia e atuava na defesa da empresa Prevezon Holdings Ltd., acusada de lavagem de dinheiro.
Em determinado momento, promotores dos EUA tentaram obter acesso a e-mails trocados entre ela e um outro advogado que atuava no caso. Não está claro se as comunicações foram interceptadas.
Além disso, autoridades de imigração tentaram diversas vezes barrar a entrada dela nos EUA, mas a advogada conseguiu autorização do Departamento de Justiça para trabalho temporário no país na defesa da Prevezon.
Em janeiro de 2016, Veselnitskaia reclamou de ter sido “intimidada pelo governo” dos EUA durante o processo.
O caso foi encerrado em maio, com multa de US$ 6 milhões à Prevezon, que não admitiu culpa. Veselnitskaia descreveu a atuação no caso como bem-sucedida.