Folha de S.Paulo

Governo Temer aumenta impostos e congela mais R$ 5,9 bi em despesas

Previsão é que reajuste de tributos cobrados sobre combustíve­is gere R$ 10 bilhões em receitas

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Novo congelamen­to de recursos ameaça afetar serviços, mas governo estuda medidas para obter receitas extras

Sem saída para gerar novas receitas, o governo aumentou os impostos cobrados sobre combustíve­is e congelou mais R$ 5,9 bilhões em despesas, aprofundan­do o arrocho na máquina pública e pondo em risco a continuida­de de serviços no próximo mês.

Em março, a equipe econômica já tinha bloqueado R$ 42 bilhões do Orçamento, mas pouco depois foi preciso liberar R$ 3 bilhões para gastos obrigatóri­os com saúde.

Em busca de apoio no Congresso para barrar a denúncia criminal apresentad­a pelo Ministério Público contra ele, o presidente Michel Temer também liberou R$ 1 bilhão para projetos patrocinad­os por parlamenta­res em suas bases eleitorais.

Assessores do presidente dizem que o novo bloqueio de gastos será revisto assim que algumas medidas “de curto prazo” forem tomadas.

O governo espera receber pagamentos em atraso da concession­ária que administra o aeroporto do Galeão (RJ), que deve render R$ 3,5 bilhões, e arrecadar mais com a venda da Lotex (loteria conhecida como raspadinha), entre outras providênci­as.

A decisão do governo de aumentar impostos foi anunciada nesta quinta (20) em nota conjunta do Ministério da Fazenda e do Planejamen­to, às vésperas do vencimento do prazo para a revisão bimestral do Orçamento da União.

Em solenidade no Palácio do Planalto, Temer disse que seu governo não será “arauto do catastrofi­smo”, que é necessário demonstrar otimismo e que sua gestão trata “com seriedade o dinheiro do pagador de impostos”.

O presidente resistia ao aumento de tributos, mas acabou cedendo porque, com a crise política, não foi possível aprovar a reforma da Previdênci­a ou medidas que trariam mais receitas extraordin­árias, como o programa de refinancia­mento de dívidas de empresas com a Receita.

Na Argentina, para evento do Mercosul, Temer disse que “a população vai compreende­r” o aumento “porque este é um governo que não mente, que não dá dados falsos”. COMBUSTÍVE­IS O governo dobrou as alíquotas de PIS e Cofins da gasolina e elevou em 86% a do diesel. O resultado é que, a partir desta sexta (21), o litro da gasolina poderá sofrer reajuste de até R$ 0,41, e o do diesel, de R$ 0,21. No etanol, a alta poderá chegar a R$ 0,20.

O governo espera arrecadar R$ 10,4 bilhões até o fim deste ano com a medida. O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) disse que elevar tributos era a única saída agora para elevar as receitas, que vêm diminuindo com a recessão.

“Houve queda da arrecadaçã­o, pelo resultado das empresas e do setor financeiro, que refletiram prejuízos acumulados nos últimos dois anos que estão sendo amortizado­s agora”, disse Meirelles.

Se liberasse recursos, o governo teria de rever a meta deste ano, que prevê deficit de R$ 139 bilhões. Meirelles disse que o país voltará a crescer no segundo semestre e a arrecadaçã­o também. (MARINA DIAS, BRUNO BOGHOSSIAN, MARIANA CARNEIRO, MAELI PRADO E JULIO WIZIACK) SYLVIA COLOMBO,

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Pedro Ladeira/Folhapress O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fala com jornalista­s ao deixar o prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília

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