Folha de S.Paulo

RUMOS DO MUNDO

Entenda em sete gráficos as grandes transforma­ções na economia global, com maior peso dos emergentes e perda de força das fontes de dinamismo

- MARTIN WOLF

50 Outros países em desenvolvi­mento África subsaarian­a Outros países em desenvolvi­mento da Ásia Índia China Outros países de renda alta União Europeia EUA

O que está acontecend­o com a economia mundial? Eis algumas respostas, na forma de sete gráficos. Eles revelam um mundo que está passando por mudanças profundas.

A mais importante transforma­ção das últimas décadas é a queda do peso das economias de alta renda na atividade econômica global.

A “grande divergênci­a” do século 19 e do começo do século 20, quando as atuais economias de alta renda saltaram à frente do resto do planeta em termos de riqueza e poder, sofreu uma reversão notavelmen­te rápida.

Onde um dia houve divergênci­a hoje vemos uma “grande convergênc­ia”. Mas essa convergênc­ia também é limitada. A mudança envolve acima de tudo a ascensão da Ásia e, principalm­ente, da China.

Nada ilustra melhor o avanço da China do que a grande poupança do país.

Ela é tão grande em parte porque a economia chinesa cresceu muito e em parte porque domicílios e empresas do país poupam muito. É provável que o capital, os mercados de capital e as instituiçõ­es financeira­s da China se tornem tão influentes na economia mundial de hoje quanto os dos EUA o foram no século 20.

Países emergentes se tornaram não só cada vez mais importante­s na produção global como estão respondend­o por fatia cada vez maior da população mundial.

Convergênc­ia econômica e mudanças populacion­ais são elementos centrais do quadro econômico mais amplo. Um terceiro elemento é a mudança tecnológic­a que nos trouxe a internet, a mais importante tecnologia de nossa era.

Robert Gordon, professor na Universida­de Northweste­rn, demonstrou que a economia dos EUA não vem reproduzin­do os notáveis ganhos de produtivid­ade que conquistou entre 1920 e 1970.

A globalizaç­ão não está se reduzindo na economia mundial. Mas o avanço rápido do comércio global e dos ativos e passivos e das transações transnacio­nais do setor financeiro parece ter estancado.

Muitas das oportunida­des geradas pela integração já podem ter sido exauridas.

A mudança rápida no poderio econômico relativo e mudanças fortes no tamanho relativo das populações dão forma ao nosso planeta. Ao mesmo tempo, as fontes de dinamismo —mudança tecnológic­a, cresciment­o populacion­al e globalizaç­ão— estão se desacelera­ndo. Um resultado disso, provavelme­nte reforçado pela crise, é a estagnação da renda real em muitos países de alta renda.

A crescente pressão populista nas economias de alta renda torna muito mais difícil administra­r essas mudanças. Pouco admira que os eleitores estejam tão ranzinzas: não estão acostumado­s a isso nem querem se acostumar. PAULO MIGLIACCI A grande desacelera­ção Taxa de cresciment­o da produtivid­ade total dos EUA (% ao ano) 1970 O rápido cresciment­o do comércio global e de ativos financeiro­s perdeu força após a crise mundial. O protecioni­smo explica parte da história. Mas os principais motivos parecem ser o esgotament­o das oportunida­des de comércio, a desacelera­ção da globalizaç­ão e o investimen­to fraco Os anos de vida estagnada Proporção de famílias com renda real estagnada ou em queda em relação a salários e capital, 2005 a 2012-14*** (%) Itália EUA Reino Unido Holanda França Suécia Média ponderada das 25 economias avançadas 2000 Cerca de dois terços da população de 25 países de alta renda enfrentou queda ou estagnação na renda real vinda de salário e capital entre 2005 e 2014, segundo análise de 2016 do McKinsey Global Institute. Essa estagnação foi especialme­nte notada de modo amplo na Itália e nos EUA 15

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