Para professores, livro didático e currículo são principais materiais de apoio
DE SÃO PAULO
O livro didático é o principal material de apoio para 86% dos professores da rede municipal de São Paulo. Orientações curriculares da prefeitura aparecem na sequência, com 82%.
Os dados são de uma pesquisa feita pela secretaria de Educação, durante encontros com educadores para debater a atualização curricular da rede. Participaram 16 mil docentes, organizados em 4.000 grupos temáticos.
No processo, a pasta buscou entender as necessidades desses profissionais para preparar as aulas. Para 76%, é fundamental que haja sugestões de sequências didáticas (conjunto de atividades planejadas para atingir um objetivo de aprendizagem).
Professora de educação física, Elma Lemos Teixeira, 47, participou de ao menos dez encontros. “Lemos todos os documentos para produzir os objetivos”, diz ela, que exemplifica alguns avanços.
“Agora os esportes contam com uma descrição mais detalhada, e práticas de aventura também são uma novidade que veio da Base Nacional Comum Curricular.”
A secretaria de Educação trabalha desde março na atualização do currículo para, entre outras coisas, se adequar à base. O documento, sob responsabilidade do Ministério da Educação, prevê o que os alunos devem aprender a cada ano. Como o nome sugere, a base tem o papel de municiar as redes na construção dos seus currículos.
O material de apoio aos professores representa um passo adiante a ela, diz Wagner Palanch, do núcleo de currículo da pasta municipal. Segundo ele, o currículo de SP terá uma atenção especial para a realidade da capital.
“O currículo orienta o professor a trabalhar com os rios da cidade, mas também com os rios da região da escola”, exemplifica.
Questões de identidade de gênero, que foram excluídas da versão final da base nacional, estarão no currículo da rede paulistana, diz Palanch.
O texto definitivo da base ainda não está pronto —o Conselho Nacional de Educação está realizando audiências públicas. Segundo o secretário de Educação, Alexandre Schneider, possíveis mudanças não vão comprometer o que está sendo feito.
“Não saímos do zero. Contemplamos a base, o que existe na rede e referências internacionais”, afirma. “Esse acúmulo nos dá tranquilidade de que tudo está em um tempo adequado, e o processo prevê atualizações.”
O grande desafio, diz o secretário, será implementar. Essa fase exigirá atenção especial na formação continuada dos professores. Não há, por enquanto, orçamento para um programa. “Mas a própria forma com que estamos fazendo não deixa de ser uma formação”, afirma. (PS)