Folha de S.Paulo

Ao longo de uma hora de entrevista na residência no

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Por que nada foi feito?”

O COB preferiu não responder diretament­e às críticas dela, mas lembrou que há um prêmio que presta tributo ao atleta (veja abaixo).

Segundo Adyel, o desrespeit­o da entidade pelo seu pai se estende por décadas.

Meses antes dos Jogos de Munique, em 1972, o Comitê Olímpico Alemão enviou, segundo ela, um convite para que Adhemar fosse ao país. Mas o convite, como de costume, chegou ao COB, que não o repassou para Adhemar, sempre segundo Adyel.

Sem dinheiro para bancar a viagem, ele só foi a Munique após ganhar as passagens do empresário e apresentad­or de TV Silvio Santos.

Em Los Angeles-1984, ocorreu episódio semelhante, lembra Adyel. O Comitê dos EUA enviou convite para Adhemar por meio do COB, que não teria avisado o bicampeão olímpico. Desta vez, ele foi ao país graças ao convite da extinta TV Manchete.

Entre 1963 e 1990, o COB foi comandado pelo major Sylvio de Magalhães Padilha, que morreu em 2002. VENDA DAS MEDALHAS bairro da Casa Verde, em São Paulo, onde ela mora e onde Adhemar viveu, Adyel altera o tom de voz raramente.

Só adiciona certa ênfase ao falar sobre o COB e as críticas que recebeu ao vender as medalhas de ouro de Adhemar.

“Quando meu pai morreu, percebi que era muito dependente dele. Era uma sinhazinha de 45 anos. Ele pagava tudo, inclusive a escola do meu filho”, ela se lembra.

Em 2002, um ano depois da morte do pai, o acúmulo de dívidas a levou a vender as medalhas, além de outros prêmios, para o dirigente esportivo e colecionad­or

“desfaçatez o país inaugurar aparelhos olímpicos [refere-se aos Jogos de 2016] e não batizar nenhum com o nome do atleta que trouxe o segundo e o terceiro ouros olímpicos para o Brasil

ADYEL SILVA, filha de Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico do salto triplo

Adhemar fumou ao menos um maço de cigarros por dia dos 16 aos 71 anos. O alemão Dietrich Gerner, técnico de atletismo do São Paulo e o maior responsáve­l pela evolução de Adhemar, sabia que o atleta era adepto do cigarro e só exigia que ele não fumasse diante dos seus olhos.

“Seu pai não tem mais um pulmão”, disse o médico do hospital Santa Isabel, em São Paulo, a Adyel após a realização de exames. Em 12 de janeiro de 2001, cinco dias depois da internação, Adhemar, aos 73 anos, sucumbiu aos problemas decorrente­s das décadas de cigarro.

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