Folha de S.Paulo

Com ‘Appetite’, Guns N’ Roses dominou o rock

Álbum faz 30 anos hoje; apesar de faixas clássicas como ‘Sweet Child O’ Mine’, levou um ano para liderar as paradas

- THIAGO NEY

FOLHA

O disco “Appetite for Destructio­n” completa 30 anos nesta sexta (21) e nos lembra não apenas de um Guns N’ Roses que não existe mais, mas também de uma época da indústria que desaparece­u.

Com 12 faixas, entre elas hits já clássicos como “Sweet Child O’ Mine” e “Welcome to the Jungle”, a estreia do Guns se tornou um dos discos mais vendidos da história —estima-se que pouco mais de 30 milhões de cópias.

O número impression­a, mas encobre um fato curioso. Se hoje tanto os artistas como as gravadoras apostam no impacto imediato, no mundo pré-internet era comum esticar esse investimen­to em um álbum.

Lançado em 21 de julho de 1987, “Appetite for Destructio­n” chegou ao primeiro lugar da parada norte-americana mais de um ano depois, apenas em agosto de 1988. Porque 1) A gravadora Geffen (hoje da Universal) colocou dinheiro em vídeos para serem exibidos na crescente MTV; 2) singles como “Paradise City” foram ganhando mais e mais minutos de execução nas rádios; e 3) a banda excursiono­u sem parar.

O que também ajudou a fazer o disco estourar: o Guns N’ Roses era uma banda como nenhuma outra. Axl Rose (vocal), Slash e Izzy Stradlin (guitarras), Duff McKagan (baixo) e Steven Adler (bateria) tocavam em bandas pequenas e perambulav­am pelo circuito de clubes de rock de Los Angeles atrás de drogas, bebidas e mulheres.

Juntos, formaram uma gangue de desajustad­os que parecia representa­r aqueles deixados de lado pela era Reagan (1981-1989), que tinha um olho em Wall Street e outro na guerra às drogas.

O Guns era uma banda identifica­da com o hard rock que saía da Califórnia, como o Mötley Crüe, mas com apelo global; as guitarras tinham contornos pop, como as do Bon Jovi, mas nada inocentes; as letras podiam entrar em território sombrio, como as do Metallica, mas nos lembravam que sempre havia uma festa no final da noite.

Mesmo com todos esses ingredient­es, demorou para a banda ganhar reconhecim­ento crítico. No início, eram descritos como cópias inferiores de AC/DC e Van Halen. Em 1988, a principal lista de final de ano da imprensa dos EUA, a Pazz & Jop, feita pelo “Village Voice”, colocava “Appetite for Destructio­n” apenas na 26ª posição. Há poucos dias, o site Pitchfork revisitou o álbum e cravou nota máxima: 10.

Os excessos (heroína, álcool) e o comportame­nto errático (atrasos, violência) colaborara­m para que a banda se tornasse anacrônica no início dos anos 1990, em meio à populariza­ção do hip-hop e da música eletrônica e ao surgimento de um certo Nirvana. Mas com “Appetite for Destructio­n” o Guns tomou conta do rock por alguns bons anos. Comentário faixa a faixa em folha.com/no1902835

 ?? 22.jun.1998/Divulgação ?? Axl Rose, vocalista do Guns N’ Roses, durante show em 1998
22.jun.1998/Divulgação Axl Rose, vocalista do Guns N’ Roses, durante show em 1998

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil