Folha de S.Paulo

Fim de caso

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Agradeço a gen- uma mulher casada que correspond­ia tileza de ter devolvido os poemas com amor igual ou talvez maior. que mandei para você mostrar a seu Não compreendo os motivos que amigo. Tenho certeza de que nem te fizeram mostrá-los para mim, pensei ele nem você leram qualquer poema inicialmen­te que gostaria da opinião que lhe emprestei para tentar de um macaco velho habituado convencer da necessidad­e do Orlando a ler originais de escritores que desejam continuar os poemas dele que fazer carreira literária. Gostei você me deu. de vários versos, gostaria de têlos

Cheguei a aconselhar a publicação escrito. dos versos dele, arranjando uma Fiquei decepciona­do quando notei editora profission­al, neste particular que os versos não eram de seu marido, eu poderia ajudá-lo. Gostei da maioria mas de um amante, também casado, deles, embora alguns me pareçam que lamenta o fato de serem casados medíocres, mas capazes de ser —situação muito comum em melhorados. todos os tempos, razão pela qual não

Na ocasião, comentei que os versos são merecedore­s de qualquer restrição não pareciam escritos por ele, mas e sim de respeito (neste particular por alguém que gosta muito de você. eu seria um bom exemplo). Como Não se tratava de uma simples cantada naquele samba de Zé Keti, “se acaso que seria completame­nte desnecessá­ria o meu bloco encontrar o seu, não tem por ser redundante. problema, ninguém morreu”.

Aliás, depois de elogiar o sentimento Como na passagem de Proust de sua produção poética, percebi (“Em Busca do Tempo Perdido”), que parecia com declaraçõe­s de não precisamos comentar qualquer amor de um marido para sua amante, coisa. Como disse o Zé Keti, “não tem muito, muito, muito apaixonado por problema, ninguém morreu”. LUCIANA COELHO MARCOS LISBOA

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