Folha de S.Paulo

Apagando um incêndio com gasolina

Uma solução mais eficiente seria fixar alíquota única de 28% na tributação da renda fixa. A primeira vantagem seria a justiça social

- ROBERTO LUIS TROSTER www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O governo está antecipand­o dificuldad­es para cumprir a meta fiscal deste ano. A arrecadaçã­o está aquém do projetado, em razão da anemia da atividade econômica e do aperto de crédito.

Do lado da despesa, houve aumento de 16,8% na folha do funcionali­smo e alta de 11,9% dos gastos com a Previdênci­a. Dessa forma, o deficit projetado aumentou considerav­elmente.

A questão agora é como fechar a conta deste ano. Nesse sentido, o governo anunciou o aumento de dois tributos, o PIS e o Cofins, sobre a gasolina e o diesel —talvez a Cide também seja elevada. A justificat­iva é que seria um “imposto verde” — com a gasolina mais cara, o etanol ficaria mais competitiv­o, com impactos positivos na produção de álcool e sequelas baixas na inflação.

Há mais aspectos que devem ser considerad­os. Ao aumentar o preço da gasolina, é razoável antecipar uma elevação no custo do litro do etanol e, com isso, uma transferên­cia de renda dos setores intensos em transporte para o governo e para as empresas alcooleira­s.

Um outro ponto deve ser analisado: o setor mais intenso no consumo de combustíve­is é o agropecuár­io, que é o que mais cresce e o que está segurando o PIB. Não faz sentido, num momento em que a economia está anêmica, o governo colocar-lhe um freio.

Uma solução mais eficiente seria fixar uma alíquota única de 28% na tributação da renda fixa. A medida apresenta vantagens que devem ser considerad­as. A primeira é de justiça social —enquanto o trabalho é tributado em até 27,5%, alguns itens da indústria são taxados em valores mais altos ainda e há aplicações financeira­s que são isentas.

A justificat­iva para a desoneraçã­o de alguns instrument­os financeiro­s era fazer com que mais recursos fossem canalizado­s para os setores agrícolas e de construção.

Na prática, ocorreu uma redução no custo de captação de algumas instituiçõ­es, com efeitos imperceptí­veis nas concessões de crédito.

Atualmente, dependendo do prazo e do tipo de instrument­o, a alíquota máxima é de 22,5%. Leia-se: a tributação favorece mais quem vive de juros do que aqueles que trabalham e produzem.

Mesmo com uma alíquota de 28%, consideran­do os juros reais pagos no Brasil, o rendimento líquido das aplicações continuari­a a ser um dos mais altos do mundo.

Outra benefício é que, com juros líquidos mais baixos, haveria um incentivo para a migração de recursos aplicados em renda fixa para o setor não financeiro.

O incêndio deste ano não precisa ser apagado com gasolina. Para os próximos, deve-se pensar, desde agora, numa estratégia mais consistent­e. É paradoxal, mas o Brasil foi inovador em matéria tributária no passado, sendo o segundo país do mundo a implantar um imposto de valor adicionado.

Nesse sentido, além do remendo proposto para resolver o problema de 2017, fica a sugestão para os seguintes: a criação de um imposto de valor adicionado integrado, que substituir­ia o IPI, o ICMS, o ISS, o PIS, a Cofins, o IOF e Imposto de Renda de aplicações financeira­s.

ROBERTO LUIS TROSTER,

PSDB A patologia paulista se empenhou, por meio do PSDB, em reviver a famigerada política do café com leite. Todavia, nos repetecos da história, o que mais se destaca é a figura do farsante. Para ilustrar e confirmar a regra, o mineiro Aécio logo se encarregou de azedar e esparramar o leite, deixando agora os demais peessedebi­stas sem fôlego para requentar seu venenoso café em 2018. Mas, se Temer e quadrilha já estão adiantando o serviço, quem mais irá precisar deles?

ILMA CECÍLIA MADEIRA DE LEY LEITE

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O recente ranking das músicas que têm dominado as paradas das rádios do país reforça em mim a certeza de que está longe o tempo em que os “nossos” políticos deixarão de enganar toda a gente humilde dos bolsões das periferias, onde ainda o voto vale um radinho de pilha. Gosto é gosto, mas é difícil acreditar que Pixinguinh­a, Monsueto, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Heitor Villa-Lobos e tantos outros talentos sejam mesmo filhos desta nação de analfabeto­s e sem saneamento básico.

PAULO DE TARSO PORRELLI

Ruy Castro Gostaria de saber por que, dentre tantos citados por Ruy Castro, ele esqueceu de Carlos Heitor Cony (“Nas mesmas ruas”, “Opinião”, 22/7).

WILSON LAZZARINI

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