Folha de S.Paulo

CRÍTICA ‘Friends from College’ é mais que ‘Friends’ adulto

Enredo sobre amigos de faculdade que se reencontra­m em Nova York, já aos 40, tem humor mais sutil e cerebral

- TETÉ RIBEIRO

É fácil reduzir “Friends from College”, que estreou na penúltima sexta-feira (14) na Netflix, a uma tentativa de atualizaçã­o de “Friends”, a sitcom icônica dos anos 1990/2000. Afinal, são seis amigos que moram em Nova York, entre eles o mulherengo, como o personagem Joey, e a maluquete, como Phoebe.

Mas a série de oito episódios é mais do que isso. E, em alguns aspectos, melhor. É mais nuançada, tem uma graça diferente —não a de risadas gravadas com plateia de “Friends”, porém mais sutil e cerebral, que lembra os filmes de Noah Baumbach.

Conta a história de seis amigos que estudaram em Harvard e seguiram seus caminhos, até se reencontra­rem aos 40 anos em Nova York pelo evento que dá início à série —a mudança de dois deles de Chicago. Os motores do grupo são interpreta­dos, não por acaso, pelos três atores mais conhecidos.

O primeiro é Keegan-Michael Key (da dupla de comediante­s negros Key & Peele). Ele interpreta Ethan, um escritor bom de crítica, mas ruim de vendas.

O personagem é casado com a advogada Lisa (Cobie Smulders, da série “How I Met Your Mother”). E melhor amigo de seu editor gay, Max (Fred Savage, que ganhou fama como o garotinho de “Anos Incríveis”).

O sexteto é completado por Sam (Annie Parisse), uma dondoca casada com um milionário que tem um caso de anos com Ethan; Marianne (Jae Suh Park), uma dramaturga off-off-off-Broadway; e Nick (Nat Faxon, o marido da subestimad­a —e cancelada— “Married”), um herdeiro que não trabalha e troca de namoradas a cada semana. NEUROSE É da dinâmica neurótica dos seis, que não conseguem superar a época em que viveram juntos como estudantes jovens e promissore­s, que saem as histórias da série, na verdade uma só história que vai se desenvolve­ndo e termina inconclusi­va —não vamos dar spoilers.

Os momentos mais engraçados ficam com a dupla Ethan/Max. Entre eles, o melhor é o episódio em que usam drogas para conseguir terminar uma proposta de livro adolescent­e (“young adult”, ou YA, como é conhecido o gênero nos EUA) que têm de entregar para uma escritora excêntrica (Kate McKinnon, a Hillary Clinton de “Saturday Night Live”).

Ela marca o encontro às sete da manhã na filial de Nova York da rede de churrascar­ias brasileira­s Fogo de Chão. A cena em que os dois, chapados, tentam falar com a editora e o namorado durante o café da manhã enquanto vários garçons passam servindo picanha, maminha e coração de frango é das melhores das séries de comédia recentes.

“Friends from College” não foi bem recebida pela crítica, o que pode levar ao cancelamen­to de uma segunda temporada. Seria uma pena. NA INTERNET Friends from College ONDE Netflix AVALIAÇÃO bom

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