Folha de S.Paulo

Hip-hop destrona rock e se torna gênero mais consumido nos EUA

Pela primeira vez na história, estilo combinado com R&B responde por 25,1% da demanda

- AMANDA NOGUEIRA

Balanço semestral da Nielsen atribui sucesso comercial ao domínio entre os emergentes serviços de streaming

Uma pesquisa divulgada pela Nielsen neste mês decreta o que as paradas internacio­nais indicam há tempos. O hip-hop passou a ser o gênero mais consumido pela primeira vez na história —ao menos da tradiciona­l pesquisa.

No balanço, porém, o gênero é combinado com o primo R&B, conquistan­do assim 25,1% do pacote de vendas de discos físicos, downloads e reproduçõe­s em streaming. O rock, que até então mantinha a supremacia, ficou logo atrás com 23% do volume.

Segundo a pesquisa, a virada no jogo se deu pela dominância do hip-hop nas plataforma­s de streaming, nas quais representa mais de 30% do consumo musical —praticamen­te as fatias do rock (16%) e do pop (13%) juntas.

O relatório levou em conta dados coletados nos Estados Unidos para analisar o desempenho da indústria musical no primeiro semestre.

Entre os artistas do gênero, Drake teve uma atuação ilustrativ­a dessa guinada na indústria musical. Com “More Life”, o rapper canadense quebrou recorde de áudio por demanda em streaming com 385 milhões de reproduçõe­s em uma semana, superando o título que ele mesmo mantinha com o antecessor “Views”.

“DAMN.”, de Kendrick Lamar, dominou como o álbum mais popular no país durante o período da pesquisa —entre 30 de dezembro de 2016 e 29 de junho deste ano—, tendo DRAKE Com ‘More Life’, o rapper canadense quebrou recorde de áudio em straming com 385 milhões de reproduçõe­s em uma semana, superando ele mesmo, com o álbum ‘Views’ KENDRICK LAMAR O álbum ‘DAMN.’ passou três semanas na liderança da Billboard 200 e atingiu 341 milhões de reproduçõe­s em sua semana de lançamento

FUTURE

O americano se tornou o primeiro artista a ter dois lançamento­s em primeiro lugar na Billboard 200 em semanas consecutiv­as, “Future” e “HNDRXX” vendido o equivalent­e a 1,77 milhões de cópias (consideran­do venda de faixas digitais e reproduçõe­s por demanda).

Os números evidenciam a crescente relevância do streaming. Um marco histórico foi atingido em março, quando as reproduçõe­s semanais no nas plataforma­s superaram 7 bilhões de execuções.

Nos primeiros seis meses, foram registrada­s 184,3 bilhões de reproduçõe­s em serviços do tipo —um aumento de 62% em relação ao mesmo período do ano anterior. DESTAQUES O balanço aponta dados curiosos, como a consistênc­ia do rock nas vendas de álbuns físicos, com uma fatia de 42%, e o fracasso do country em adentrar as plataforma­s de streaming, onde responde por

Rapper Drake, em show em maio em Las Vegas

apenas 5,6% das reproduçõe­s.

Além de evidenciar o estreitame­nto de laços entre artistas e fãs pelo uso inovador das redes sociais e aparições na mídia, o levantamen­to mostra o impacto de eventos do calendário americano na demanda por consumo musical.

Um dos exemplos citados é a aparição de Lady Gaga no Superbowl, o que teria alavancado em 1.580% as vendas digitais de suas músicas.

Em outra circunstân­cia, o Grammy deste ano teria sido responsáve­l por dobrar a procura pelas obras dos indicados. A abertura de Adele, com “Hello”, aumentou em 300% a procura pela faixa em comparação com o dia anterior. Depois de vencer como melhor artista revelação, Chance the Rapper conquistou mais de 15 milhões de reproduçõe­s.

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Kevin Winter/AFP

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