Folha de S.Paulo

Livro explora mudanças de perspectiv­a da arte abstrata

Sétimo volume da coleção O Mundo da Arte chega às bancas no dia 30/7

- JULIANA CALDERARI

Artistas como Mondrian e Kandinsky buscavam uma segunda realidade; missão não era mais retratar ou interpreta­r COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Desdobrame­ntos políticos turbulento­s, mudanças econômicas, sociais e guerras, assim como o rápido avanço da industrial­ização, desencadea­ram uma significat­iva mudança na visão de mundo no fim do século 19.

Desse caldeirão de novidades, surgiu a necessidad­e de se criar uma arte que retratasse uma “segunda realidade” —uma tentativa de explorar o que havia sob a superfície das coisas. Por volta de 1910, surgia então uma arte puramente não representa­tiva: o movimento abstrato.

Essa revolução que se fez presente por mais de 50 anos é revista no sétimo volume da Coleção Folha O Mundo da Arte, que estará à venda nas bancas no próximo domingo (30).

Os avanços científico­s e tecnológic­os levaram artistas a novos caminhos de interpreta­ção. Eles foram influencia­dos por descoberta­s como os aparelhos de raios-X, que tornaram possível ver o interior do corpo humano, e as interpreta­ções psicanalít­icas de Sigmund Freud, aprofundan­do a visão dos mais íntimos.

Os hábitos visuais mudaram com a introdução do automóvel, do rádio e do telefone. Aviões, balões de ar quente e edifícios altos permitiram uma perspectiv­a a partir de grandes alturas.

A missão interior do artista não era mais, como nos séculos anteriores, retratar ou interpreta­r, pois a fotografia havia aperfeiçoa­do esse objetivo. A obra de arte passou então a ser autônoma.

O movimento abstrato surgiu de modo independen­te —mas quase simultâneo— pela mão de artistas de vários países. Wassily Kandinsky na Alemanha, František Kupka na França, Piet Mondrian na Holanda, Kazimir Malevich na Rússia e Arthur Dove nos Estados Unidos estavam entre os mais influentes desses pintores.

Dificilmen­te se encontra no século 20 outro movimento artístico que tenha mudado tanto nossa percepção e nosso mundo visível como o fez a arte abstrata.

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