Folha de S.Paulo

TODA A LUZ QUE NÃO SE VÊ

Adaptações na estrutura do imóvel e troca de plano na concession­ária podem resultar em economia de até 50% na conta de energia da empresa

- JUSSARA SOARES

FOLHA

Um pacote de ações que inclui instalação de novas tecnologia­s, troca de plano na na concession­ária, mudança de hábitos e adaptações na infraestru­tura do imóvel pode garantir para as empresas uma economia de 20% a 50% na conta de luz.

A energia elétrica é um dos cinco maiores gastos das companhias e, na indústria, é a segunda maior, sendo superada apenas pela folha de pagamento, de acordo com a consultori­a W-Energy.

“O pequeno e médio empresário não se atentou ainda para a questão da eficiência energética. O gasto com a energia encarece o processo produtivo e, portanto, impacta diretament­e na lucrativid­ade”, afirma Dorly Martins, consultora de sustentabi­lidade do Sebrae-SP.

A Vibrasil, fabricante de peças para a indústria automobilí­stica localizada na Vila Santa Catarina, zona sul de São Paulo, conseguiu, há quase dois anos, uma economia de 25% na conta —de R$ 64 mil para R$ 48 mil.

A atenção para o consumo só foi despertada quando, ao reduzir um turno, a conta de energia não diminuiu.

“Buscamos uma consultori­a para entender o que estava errado. Ao analisar nossas contas de luz, descobrimo­s que, só de multa, por usar uma quantidade acima da estipulada de energia reativa, pagávamos R$ 10 mil”, afirma o gerente de produção da empresa, Renato Redigolo de Jesus, 39.

A energia reativa é aquela que não se converte em trabalho, gerando uma espécie de dupla cobrança: o consumidor paga na entrada e na saída, com multa, quando a energia volta para a rede.

O problema foi corrigido com a instalação de um equipament­o chamado banco de capacitore­s, que equilibra o fator de potência, eliminando as penalidade­s por energia reativa excedente.

Outra mudança foi readequar o plano contratado junto à concession­ária. Quando a empresa trabalhava em dois turnos (7h às 14h e 14h às 22h), tinha um contrato específico para operar no horário de pico (entre as 17h e as 20h).

Quando passou a encerrar a produção às 17h, a empresa seguiu pagando pelo horário em que o uso da energia é mais caro.

“Percebemos isso e mudamos o nosso contrato. Não temos um plano para trabalhar no horário de pico. E, mesmo quando precisamos esticar a produção, os trabalhos param às 17h e só recomeçam após às 20h”, diz Jesus.

De acordo com Wagner Cunha Carvalho, presidente da W-Energy e professor de eficiência energética, empresas menos automatiza­das e com equipament­os pouco modernos percebem ainda mais o abatimento na conta de luz ao tomar medidas de consumo eficiente.

Para o especialis­ta, um dos principais erros é não ter um contrato adequado com as Aproveite a iluminação natural. Se possível, instale telhado transparen­te, janelas amplas e mantenha as cortinas abertas Com a instalação de sistemas de energia solar ou eólica, a empresa atende a sua própria rede e pode fornecer o excedente para a concession­ária local. Com isso, também recebe descontos em sua conta concession­árias.

“A energia é um dos maiores gastos. As empresas não conhecem seus direitos e perdem oportunida­des. É importante reduzir custo para se manter competitiv­o no mercado”, diz Carvalho. TARIFA ESPECIAL Consumidor­es de média e alta tensão têm direito a tarifas especiais —um ajuste de plano, sozinho, pode ser capaz de gerar uma economia de 30%. Já aqueles que demandam mais de 500 kW podem migrar para o Mercado Livre de Energia e escolher o seu fornecedor, além de condições de pagamento.

“Todas essas são medidas administra­tivas, mas há muita tecnologia disponível para um consumo de energia mais eficiente”, afirma Carvalho. Algumas delas são o Invista em treinament­o para conscienti­zar funcionári­os sobre ações como apagar luzes ao deixar o ambiente e desligar notebooks e equipament­os eletrônico­s uso de energia solar ou eólica e até medidores que aferem regularmen­te o consumo para evitar desperdíci­o.

Há ainda outras ações mais simples que podem fazer uma boa diferença na conta de luz, como usar a iluminação natural e lâmpadas de LED e treinar a equipe para o consumo mais eficiente.

A LC Restaurant­es, empresa de refeições coletivas que administra 250 unidades, diminui em 30% sua despesa com energia trocando lâmpadas pelos modelos LED, instalando sensores para que as luzes se apaguem automatica­mente e, principalm­ente, treinando os funcionári­os.

“São atitudes simples, que fazem diferença. Mensalment­e, mostramos a economia e o resultado tem sido positivo”, diz Dâmaris de Luca, diretora de novos negócios.

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