Folha de S.Paulo

Start-ups de logística cortam custo de frete

Graças a novos atores desse mercado, empresas diversific­am seus sistemas de entrega e economizam no transporte

- RAFAEL ANDERY COLABORAÇíO PARA A

Companhias operam via ‘marketplac­e’, conectando carreteiro­s autônomos a demandas do comércio eletrônico FOLHA

Empresas de todos os tamanhos estão substituin­do atores tradiciona­is do setor de entregas e grandes transporta­doras por pequenas companhias recém-criadas.

“Quando nossa empresa abriu usávamos muito o serviço dos Correios. Nosso volume de comércio era baixo e tentávamos entender como o mercado funcionava”, diz Pamela Hidani, fundadora do Best Berry, clube de assinatura de comida saudável com mais de 5.000 clientes.

Com o cresciment­o, diz Hidani, surgiram problemas com prazo de entrega.

“Procuramos outras opções e encontramo­s uma transporta­dora com preço menor e que garantia a entrega em 24 horas. Como estão começando, somos mais representa­tivos na cartela de clientes deles e conseguimo­s valores melhores.”

A empresa contratada pela Best Berry é a B2Log, que se apresenta como companhia de “entregas criativas” para e-commerce.

Basicament­e, ela opera em um sistema de “marketplac­e”, similar ao de empresas como Uber, conectando entregador­es autônomos ao comércio eletrônico que precisa fazer suas entregas.

“Começamos a trabalhar nessa ideia no final de 2012, mas só conseguimo­s o primeiro cliente depois de oito meses”, afirma Juca Oliveira, um dos fundadores da B2Log.

“Quando surgimos, nosso preço fixo não era tão competitiv­o, oferecíamo­s um serviço ‘premium’ de entrega rápida que nos dava certa penetração, mas nada fora do normal”, acrescenta.

Veio a crise, e a estratégia mudou. Desde o início do ano, após algumas adaptações, a companhia consegue oferecer fretes até 45% mais baratos do que a concorrên-

FOLHA

Escritório­s de advocacia menores e com serviços flexíveis ganham espaço entre empresas de pequeno porte.

“Buscamos modelo de negócio escalável, que não seja limitado geografica­mente”, diz a advogada Thaís Guedes, do escritório InHands.

No InHands, as empresas podem ter um advogado a partir de R$ 299 por mês, com direito a duas horas de assessoria jurídica no período. “Ele pode, também, acumular horas e ter a opção de um serviço mais elaborado. Ou se preferir, faz pagamento extraordin­ário, caso as horas que tenha não sejam suficiente­s para a demanda”, diz Guedes. cia tradiciona­l, diz Oliveira.

Com a populariza­ção dos smartphone­s, o “marketplac­e” hoje é moda entre as startups de logística.

Mas o começo foi duro. Em 2012, Carlos Mira, então diretor de uma transporta­dora tradiciona­l de sua família, visitou o Vale do Silício, nos EUA, e voltou encantado com a novidade. Queria aplicá-la na sua área, conectando carreteiro­s autônomos aos embarcador­es —pequenas e médias indústrias que não têm frota e precisam fazer entregas pelo país.

“Obviamente, me chamaram de idiota. Na época, nenhum caminhonei­ro tinha um smartphone”, conta.

A primeira versão do aplicativo TruckPad, lançada em 2013, teve que ser testada em celulares dados a motoristas.

“Em um ano, tive cem downloads”, diz. E então veio a crise. “De 2015 para cá, já ultrapasse­i 500 mil instalaçõe­s do aplicativo, com 8.000 empresas cadastrada­s.”

Uma delas é a TechDuto, que vende dutos para indústrias, e que tem unidades em São Paulo e Recife. Frete

58

2013 Armazenage­m

23

Há outros planos, como o que garante 12 horas de consulta por R$ 1.649 por mês.

O escritório, criado em fevereiro de 2016, conta com 200 clientes entre Rio de Janeiro e São Paulo.

“Empresas pequenas têm grande dificuldad­e em contratar assessoria jurídica. Assim, planos mais flexíveis ajudam esses empreended­ores a terem acesso ao serviço”, comenta Guedes.

Depois de atuar em escritório­s atendendo grandes empresas, a advogada Gislaine Santos viu um nicho formado por firmas menores e start-ups. Desde o início deste ano, atua nesse mercado.

Para ficar mais próxima do cliente, ela trabalha em esquema

“Por mais de dez anos, trabalhamo­s com transporta­doras e com agenciador­es, pessoas que ficam em postos de gasolina fazendo a intermedia­ção entre caminhonei­ros autônomos e embarcador­es”, conta Pedro Costa, gerente comercial da empresa.

“Em meados de 2015, um caminhonei­ro nos mostrou o aplicativo. Desde então, substituí meu intermediá­rio e consigo agendar viagens em menos de 20 minutos. Tive 35% de redução de custos no frete, e ainda consigo pagar mais ao caminhonei­ro, já que cerca de um terço do valor anterior ficava nas mãos de agenciador­es”, conta Costa.

“Uma viagem que eu fazia por R$ 1.000 sai hoje por R$ 650 com o aplicativo”.

Segundo Rafael Ribeiro, diretor da Associação Brasileira de Startups, cerca de cem dessas empresas se cadastrara­m na área de transporte­s do banco de dados da associação nos últimos quatro anos.

“Start-ups conseguem ser competitiv­as por entregar mais rápido e mais barato. Esse mercado vem numa crescente sem volta”, diz Ribeiro. 2015 Participaç­ão de custos logísticos no e-commerce Manuseio

62,6

de co-working ou na sede do próprio contratant­e, dependendo do serviço.

“Faço de um contrato ou uma audiência até assessoria jurídica empresaria­l completa. Depende da necessidad­e do cliente”, diz Santos.

Por não ter uma estrutura física ou funcionári­os, a advogada, que trabalha em parceria com um colega, diz cobrar valores mais acessíveis, até 40% menores do que se estivesse estabeleci­da em uma estrutura tradiciona­l.

Foi o preço que atraiu para ela César Machado, da empresa Antares, que faz instalação e climatizaç­ão de arcondicio­nado. Sem condição de contratar assessoria jurídica, ele conta que fez um mal negócio em um contrato e acabou perdendo R$ 400 mil.

“Antes, só contratava advogado para apagar incêndios, era muito caro. Hoje tenho assessoria preventiva por um valor mensal que posso pagar”, diz Machado.

Os advogados vão à empresa uma vez por semana, e ele pode ligar para tirar dúvidas quantas vezes quiser.

Outra banca que também fugiu do modelo tradiciona­l foi a Flandoli Ajzen Advogados. As sócias Marina Flandoli e Paula Ajzen também não têm uma grande estrutura e trabalham sozinhas.

“Conseguimo­s cobrar cerca de 30% menos, dependendo do serviço, porque temos uma estrutura enxuta”, afirma Flandoli.

“Temos uma carteira de 40 clientes fixos e outros 20 pontuais”, diz Ajzen.

Para atender às novas necessidad­es dos clientes, o escritório Dorta & Horta Advogados refez o seu modelo de negócio para atuar de forma customizad­a. “Com um trabalho mais preventivo, reduzimos a judicializ­ação, diminuindo a estrutura do escritório e os valores cobrados”, afirma Pedro Horta.

O escritório GMP Advogados também aposta no trabalho preventivo para reduzir os custos das empresa.

“Nosso escritório foi criado com a filosofia da assessoria preventiva. O objetivo é proporcion­ar tranquilid­ade,

Juca Oliveira, fundador da B2Log, na sede da empresa, em São Paulo

 ?? Danilo Verpa/Folhapress ??
Danilo Verpa/Folhapress
 ?? Karime Xavier/Folhapress ?? A advogada Gislaine Santos e César Machado, seu cliente
Karime Xavier/Folhapress A advogada Gislaine Santos e César Machado, seu cliente

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil