Folha de S.Paulo

Genro de Trump admite elo com russos

Jared Kushner reconhece ter tido 4 reuniões com pessoas ligadas ao Kremlin, mas nega conluio para ajudar sogro

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Ao Senado ele disse que encontros durante a campanha ocorriam por seu papel de mediador com outros países

Jared Kushner, genro e assessor especial do presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu nesta segundafei­ra (24) que se reuniu quatro vezes com funcionári­os russos durante a campanha presidenci­al americana de 2016, mas negou qualquer complô orquestrad­o para levar seu sogro à Casa Branca.

A declaração, dada em depoimento a portas fechadas ao Comitê de Inteligênc­ia do Senado, ocorre em uma semana decisiva para o genro de Trump. Nesta terça-feira (25), será a vez do comitê equivalent­e na Câmara dos Deputados ouvir Kushner.

O marido de Ivanka Trump disse que todas as suas ações foram corretas e que ocorreram no “curso normal dos eventos de uma campanha”.

O depoimento é o último desdobrame­nto da investigaç­ão que tenta determinar se a campanha de Trump recorreu à ajuda da Rússia para conquistar a Casa Branca.

“Eu não estive em conluio com a Rússia e não sei de ninguém da campanha que tenha feito isto”, afirmou Kushner durante a reunião desta segunda, que durou quase três horas. “Não mantive nenhum contato inadequado.”

Segundo Kushner, as gravações e documentos apresentad­os provam que não houve trama com o Kremlin. Ele disse também que em nenhum dos encontros com russos discutiu sanções americanas contra Moscou.

Após a audiência, Kushner declarou a jornalista­s que Trump derrotou a democrata Hillary Clinton pelos seus méritos, e não com o auxílio de interferên­cias externas. Segundo ele, o presidente dos EUA “passou uma mensagem melhor e executou uma campanha mais inteligent­e”.

“Sugerir qualquer outra coisa é ridiculari­zar quem votou nele”, disse.

Ao sair do Capitólio, Kushner acenou ao público e disse que a audiência foi “ótima”, além de ter respondido a todas as perguntas.

Mais cedo, o genro de Trump enviou comunicado à imprensa descrevend­o contatos com o embaixador russo nos EUA, Sergei Kislyak, e com outros funcionári­os russos como algo normal dado o seu papel de mediador da campanha com os governos estrangeir­os.

Na declaração, Kushner disse que nenhum dos encontros foi impróprio. Ele foi interrogad­o também por se reunir com o banqueiro russo Sergei Gorkov, considerad­o homem próximo ao presidente russo, Vladimir Putin.

“Eu não dependi de recursos russos para financiar minhas atividades comerciais no setor privado”, respondeu Kushner no comunicado. INTERROGAT­ÓRIOS Outro tema dos interrogat­órios é a reunião que Kushner teve em junho de 2016 com a russa Natalia Veselnitsk­aia, descrita pelo intermedia­dor do encontro como “advogada do governo russo”.

Kushner estava acompanhad­o pelo filho mais velho do presidente americano, Donald Trump Jr., e Paul Manafort, que chefiou a campanha

JARED KUSHNER

em depoimento ao Senado

Não estive em conluio com a Rússia e não sei de ninguém da campanha [presidenci­al de Trump] que tenha feito isto

 ?? Pablo Martinez Monsivais/Associated Press ?? Genro de Trump e assessor da Presidênci­a, Jared Kushner deixa local onde falou com repórteres depois de audiência no Senado dos EUA ontem (24)
Pablo Martinez Monsivais/Associated Press Genro de Trump e assessor da Presidênci­a, Jared Kushner deixa local onde falou com repórteres depois de audiência no Senado dos EUA ontem (24)

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