Magnífico, ‘Dunkirk’ tem o devido respeito pela história
FOLHA
O primeiro-ministro britânico em 1940 estava certo: “Guerras não são ganhas com evacuações”, disse Winston Churchill. Mas se não fosse a retirada de boa parte da Força Expedicionária Britânica da cidade de Dunquerque, norte da França, o Reino Unido teria perdido a guerra contra a Alemanha nazista.
Não haveria um “cadre” de tropas regulares para proteger o país e formar novos soldados. E o mundo também perderia. A civilização ocidental teria perecido nas mãos de bárbaros modernos equipados com tanques e bombardeiros liderados por Adolf Hitler, líder supremo do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
O filme “Dunkirk” mostra como isso quase aconteceu. É uma obra magnífica, e com o devido respeito pela história. A primeira frase que se ouve é “cadê a Força Aérea?”
Os soldados britânicos estavam espremidos na praia, esperando pela evacuação. Os bombardeiros de mergulho Junkers-87 Stuka jogavam bombas a granel. Bombardeiros médios Heinkel-111 atacavam os navios tentando evacuar as tropas.
A Força Aérea estava lá, mas as tropas na praia não conseguiam ver. Os combates eram em altitudes ou distâncias longe da vista. Parecia que a RAF (Royal Air Force) tinha esquecido de fazer seu trabalho. Esse é um dos resgates históricos mais bemvindos do filme. Para muitos soldados, os caças Hurricanes e Spitfires não estavam lá, mas estavam. E como.
O melhor livro até agora sobre a retirada de Dunquerque é o do historiador Hugh Sebag-Montefiori —“Dunkirk— Fight to the Last Man” (“luta até o último homem”).
Ele conta que a RAF “perdeu 931 aviões, incluindo 477 caças”, sobre a França e a Bélgica. E a Marinha Real (RN, Royal Navy) teve 170 navios perdidos ou danificados.
Alguns personagens têm base em pessoais reais, como o ator Kenneth Branagh no papel de Bolton, que cuidou da evacuação no píer, baseado no comandante James Campbell Clouston . Morreram cerca de 11 mil soldados britânicos e 90 mil franceses nas campanhas de 1940.
E, a leitura no final, de um dos mais brilhantes discursos de Churchill —“nós jamais nos renderemos”— é uma maneira espetacular de terminar um filme idem.