Convocar o povo para decidir seu futuro
O que há de ditatorial em decidir temas relevantes, depois sujeitos a referendo? Na Venezuela, como no Brasil, a solução é o voto
A convocação de uma Constituinte na Venezuela tem sido motivo de crítica por parte da oposição do país e do governo sem credibilidade e sem voto do Brasil.
A votação deste domingo (30) naquele país escolherá representantes regionais e de vários setores profissionais, entre eles pescadores e empresários, estudantes e trabalhadores urbanos e rurais, pessoas com deficiência e aposentados.
Mais de 52 mil venezuelanos se inscreveram para concorrer às 500 cadeiras, segundo o Conselho Nacional Eleitoral. O que há de ditatorial num escrutínio direto? Voto é voto, regional, setorial ou nacional.
A Assembleia tratará de temas diversos, como a formulação de um acordo de paz entre governo e oposição, um novo e fundamental modelo para acabar com a dependência do petróleo sobre a economia local, a consagração de direitos sociais, democracia participativa, modificações no sistema judicial, a identidade pluricultural, os direitos da juventude e até medidas para proteção ambiental.
Todas as mudanças terão de ser posteriormente aprovadas em referendo pela população. Mais uma decisão popular, o que parece não ser do agrado do governo ilegítimo do Brasil.
Ao convocar o povo para decidir sobre seu próprio futuro, o presidente Nicolás Maduro afrontou os interesses de quem, invariavelmente, se posiciona contra o uso dos recursos do petróleo na área social.
O governo Maduro, como todas as gestões, tem erros e acertos. Pode-se gostar ou não dele, mas foi eleito pelo voto popular, tem mandato até 2018, como era o de Dilma.
Há pelo menos dois anos, resiste aos golpes da oposição, a qual iniciou um violento processo de desestabilização política que mergulhou a nação no caos. Assim, os opositores de Maduro alimentam uma polarização que deixou mais de cem mortos, de ambos os lados.
Nós, do PT, desejamos que essas divergências possam ser dirimidas de forma pacífica. Outros, infelizmente, apostam no isolamento da Venezuela e no acirramento de seu conflito interno.
Nicolás Maduro não personifica os fardados de alta patente que assombraram nosso continente nos anos 1960 e 70. Seu partido venceu 17 das 18 eleições desde 1998, quando Hugo Chávez ganhou pela primeira vez a Presidência.
Suas atitudes, inclusive, contrastam em muito com a atual experiência de alguns vizinhos latinoamericanos, que viram a democracia ruir após golpes parlamentares ou judiciais patrocinados pela união entre as elites econômicas e os partidos conservadores.
O plebiscito organizado pela oposição recentemente não seria possível em uma ditadura sanguinária, conforme seus detratores afirmam que é o governo de Maduro.
A exemplo do que ocorre em outros locais, a elite venezuelana também não quer dividir o bolo com os mais pobres, algo representativo da herança cultural e da colonização dos povos do continente. No entanto,precisarádevotosparaimporsua agenda diante do governo Maduro.
Aqueles que, aqui no Brasil, clamam por democracia na Venezuela deveriam começar a clamar por democracia também no nosso país, umavezqueelafoiusurpadaporum golpeparlamentarquearrancouuma presidenta inocente e legitimamente eleita e que mantém no poder um corruptocomprovado,comaltíssima rejeição popular.
Antes de bisbilhotar na casa dos outros, cuidemos da nossa. Na Venezuela, como no Brasil, a solução é o voto. GLEISI HOFFMANN MONICA VALENTE
Quando ocuparam o complexo da Maré por cerca de ano e meio, as forças federais ganharam a batalha, mas perderam a guerra, pois o objetivo não foi alcançado. Agora, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, parece estar mesmo disposto a ganhar a guerra, ordenando a execução de operações que não sejam apenas as clássicas, de garantia da lei e da ordem, mas as necessárias para resolver o problema.
PAULO MARCOS LUSTOZA
Funcionalismo Desnorteada é o mínimo que se pode dizer da equipe de Temer. Primeiro anuncia um PDV para funcionários concursados e com estabilidade; em seguida acena com a possibilidade da redução da jornada e do salário, para que esse servidor possa trabalhar simultaneamente em um emprego de caráter privado. Ou seja, transforma o serviço público em bico oficial. Isso pode?
SHEILA SACKS
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(Osasco, SP)
Carnaval Não tenho nada contra as escolas de samba. Pelo contrário, faço o possível para enaltecê-las e valorizo muito as manifestações populares. Entretanto, não posso concordar com a atitude do presidente Temer de destinar R$ 13 milhões para o Carnaval carioca, no lugar de priorizar a educação, a segurança e a saúde. Continuo a achar que a festa momesca deve ser financiada por seus participantes e pelo público, não pelo dinheiro público.
MÁRIO NEGRÃO BORGONOVI