Folha de S.Paulo

Contra barreira, siglas planejam federação

Partidos pequenos estudam medida para escapar de sanções de futura reforma política, como a perda de fundo

- JOSÉ MARQUES

PEC sobre a questão permite a união de legendas com base em ‘afinidade’; 9 siglas discutem associação

A tentativa de fugir de sanções como o fim do acesso ao fundo partidário levou pequenos partidos a se antecipare­m à reforma política e começarem a discutir a possibilid­ade de se unirem em federaçãop­araconcorr­erem2018.

O modelo, previsto em PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) aprovada pelo Senado e tramitando na Câmara, permite que siglas “com afinidade ideológica e programáti­ca”seunamnuma“identidade política única”.

Na prática, a federação atuaria como um novo partido. Ela se formaria no período de registro de candidatur­a e ganharia um novo nome, com fundo partidário distribuíd­o de acordo com os votos válidos de cada legenda para deputado federal.

Já o tempo de televisão seria proporcion­al ao número de deputados eleitos por toda a federação.

A união tem sido tratada pelo Podemos (ex-PTN), PHS, PRP, PEN, PRTB, PSL (que pode virar Livres), PT do B (que tenta virar Avante), PSDC e Pros, segundo os dirigentes dos três primeiros partidos.

Juntas, as nove legendas têm 38 deputados, o mesmo tamanho do PR, quarta maior partido da Câmara.

Nem todos esses partidos garantem que fariam parte da federação. O PSL não fala sobre a possibilid­ade. O Pros diz que“nãoavançou­conversas”.

Outros, se empolgam com a ideia. “A federação dos partidos vai fazer com que todo mundo se salve”, diz Eduardo Machado, presidente do PHS. Ele indica a deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, maior entre os nove, como possível líder da união.

Ela é presidente de uma das comissões da reforma política e diz que é citada como a liderança porque tem muita amizade com os presidente­s dos partidos. “Agora que os grandes partidos estão fragilizad­os é o melhor momento para nos unir.” RESTRIÇÕES A discussão no Legislativ­o sobre a cláusula de barreira se iniciou com restrições a partidos que não tivessem 3% dos votos válidos em 14 unidades da federação. Segundo Abreu, a tendência é que o texto final flexibiliz­e essa barreira e crie uma progressão: começaria com 1,5% dos votos válidos em 2018 até chegar, no futuro, a 2,5%, sem número mínimo de Estados.

A possibilid­ade de existir federações de partidos também depende que o “distritão” —modelo eleitoral em que os candidatos mais votados são eleitos— não passe no Congresso. Nesse caso, afirmam os dirigentes, não faria sentido investir em muitos candidatos para conseguir uma porcentage­m mínima de votos e a cláusula de barreira, nos moldes atuais, morreria no papel.

Unanimemen­te, os pequenos partidos reclamam da cláusula. José Maria Eymael, presidente do PSDC, chama a barreira de “indecente” e diz que a federação é a alternativ­a, “mas não a melhor delas”. Para Antonio de Rueda, presidente do PSL, “a cláusula parece uma tentativa de conter o derretimen­to dos grandes partidos que perderam sua legitimida­de nos escândalos de corrupção”.

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