Dunquerque, a vitória da civilização
“Dunkirk” é um grande filme e conta o resgate do exército inglês encurralado na praia francesa de Dunquerque em maio de 1940. Barra pesada, mostra com maestria a angústia da operação.
O filme restringe sua narrativa ao que acontecia na praia, no ar e no mar. Vale a pena por si, mas está nas livrarias “Cinco Dias em Londres”, do historiador John Lukacs, publicado em 2001. Juntos, são um presente para a alma. Naqueles dias, tudo parecia perdido. Hitler dobrara a França e era senhor da Europa. O povo inglês ainda não sabia, mas 250 mil soldados estavam cercados na praia de Dunquerque. O colapso dessa tropa seria o prelúdio de uma invasão da ilha.
Winston Churchill ainda não completara duas semanas como primeiro-ministro. Era um político mal visto, falastrão e pouco confiável. Seu rival no partido conservador era o ministro das relações exteriores, Lord Halifax, um inglês de anúncio de roupa, amigo do rei. Halifax queria explorar o caminho de uma paz com Hitler, usando os bons ofícios do embaixador italiano em Londres.
“Cinco Dias em Londres” conta o embate desses dois patriotas. Churchill não queria ceder e costurou sua posição no ministério, até que prevaleceu, depois de uma conversa no jardim com Halifax. (Nenhum dos dois escreveu uma só linha a respeito desse passeio.) Churchill achava que só tiraria 50 mil soldados de Dunquerque. No dia 6 de junho, a Marinha e os pequenos barcos ingleses que atravessaram o canal da Mancha resgataram 338 mil soldados, inclusive 125 mil franceses.
Christopher Nolan fez seu serviço de cineasta e é o vermute. John Lukacs, como historiador, é o gim. Quem junta os dois faz o martíni e revisita uma semana que ajudou a salvar a civilização. Naquele 6 de junho, Churchill, terminado o resgate, fez seu famoso discurso do “nós nunca nos renderemos”. Cinco anos depois a Alemanha rendeu-se.
Lukacs sustenta que o nazismo foi vencido em Stalingrado e no Dia D, com o desembarque dos Aliados, mas foi em Dunquerque que Hitler perdeu a sua guerra. Ele, e muita gente boa, inclusive no Brasil, achava que os ingleses negociariam uma paz, nos termos de Berlim.
No dia 21 de maio, Getúlio Vargas escreveu em seu diário:
“As notícias da guerra são de uma verdadeira derrocada para os Aliados. O povo, por instinto, teme a vitória alemã; os germanófilos exaltam-se. Mas o que ressalta evidente é a imprevidência das chamadas democracias liberais...” NÚMEROS E GRIFES O repórter Filipe Coutinho revelou que entre 2015 e 2016 a empresa de consultoria do ministro Henrique Meirelles faturou R$ 217 milhões, ou cerca de US$ 60 milhões. Em nota, o ministro informou que nesses ganhos estavam incluídos serviços prestados ao longo de quatro anos.
Em 2011, o mundo veio abaixo quando revelou-se que Antonio Palocci faturara R$ 20 milhões com sua empresa de consultoria, num só ano.
Na vida pública, Palocci fora ministro da Fazenda de 2003 a 2006. Sua experiência anterior era a de prefeito de Ribeirão Preto.
Meirelles foi presidente do Banco Central de 2003 a 2011. Ao contrário de Palocci, fez invejável carreira na iniciativa privada, tendo presidido o Banco de Boston.
Uma das mais famosas firmas de consultoria de grife do mundo, a do ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, não revela seus números. Em 1986, quando ele ainda estava no auge da forma e da fama, soube-se que ela faturou US$ 5 milhões.
A empresa de Kissinger tem a sua grife, mas nela estiveram craques como Timothy Geithner, o celebrado secretário do Tesouro de Obama durante a crise financeira mundial.
Filme e livro mostram os dias em que o mundo parecia perdido e Churchill ajudou a salvá-lo
CARGO VAGO Estão no mercado dois dos empregos mais prestigiosos do mundo, a presidência da Universidade Harvard e a diretoria do museu Metropolitan de Nova York.
A escolha do museu é feita num mercado restrito, mas Harvard circulou um pedido de indicações. Não é nada, não é nada, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, poderia se oferecer para indicar os nomes de alguns deputados da base governista.