Folha de S.Paulo

Denúncias ameaçam reeleição de Pimentel

- CAROLINA LINHARES

Assim como o ex-presidente Lula (PT), o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), aposta que ações na Justiça não o impedirão de subir ao palanque no ano que vem para buscar a reeleição.

O governador tem a vantagem, ao contrário de Lula, de não ter sido condenado. Ele foi alvo de duas denúncias, em maio e novembro de 2016, oferecidas pela Procurador­iaGeral da República no âmbito da Operação Acrônimo.

Em maio passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o STJ (Superior Tribunal de Justiça), responsáve­l por julgar governador­es, não precisa de autorizaçã­o dos deputados estaduais para aceitar denúncias. A Corte Especial do STJ, composta por 15 ministros, ainda não decidiu se o petista deve virar réu.

Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter beneficiad­o a montadora Caoa e a Odebrecht quando era do Desenvolvi­mento, Indústria e Comércio Exterior em troca de propina.

Pimentel também é investigad­o em inquéritos na Acrônimo e foi citado em delações. A colaboraçã­o da Odebrecht originou pedidos de abertura de inquéritos contra governador­es que ainda serão analisados pelo STJ.

O deputado estadual Durval Ângelo (PT), líder do governo na Assembleia, afirma que “os processos da Acrônimo são frágeis” e lembra que o STJ já arquivou, no mês passado,umaaçãocon­traPimente­l que o acusava de comprar câmeras de monitorame­nto sem licitação quando foi prefeito de Belo Horizonte.

O advogado do governador mineiro, Eugenio Pacelli, afirma que a Operação Acrônimo tem “irregulari­dades insuperáve­is” como “apreensão de documentos e bens sem ordem judicial”.

Sobre a possibilid­ade de afastament­o do governador caso as denúncias sejam recebidas, Pacelli acredita ser difícil. Para ele, a decisão do STF, ao derrubar a necessidad­e de aprovação da Assembleia, também inviabiliz­ou o afastament­o automático de Pimentel ao virar réu.

Há quem entenda, porém, que pode haver afastament­o devido ao recebiment­o da denúncia. O STJ, na verdade, pode determinar que Pimentel deixe o cargo a qualquer momento se entender que o governador está atrapalhan­do a investigaç­ão.

Caso seja condenado antes de agosto de 2018, Pimentel será impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa. O trâmite no STJ tende a ser mais lento que isso.

Outra possibilid­ade é que o governador seja condenado no exercício do cargo, o que o afastaria do mandato, já que a pena impõe perda dos direitos políticos. CRISE Aliados de Pimentel afirmam que o petista tem grandescha­nces.Umapesquis­ado instituto Paraná realizada em Belo Horizonte neste mês põe o governador atrás apenas do prefeitoAl­exandreKal­il(PHS), que descarta concorrer.

Para além do cenário jurídico, a reeleição de Pimentel depende de que o governador se descole da crise financeira que atinge o Estado ou dê sinais de que irá superá-la. Os salários são pagos de forma parcelada em Minas desde fevereiro de 2016.

A avaliação é que fica difícil alcançar a expectativ­a do eleitorado num governo de emergência.Aliadosapo­stam, porém,emumapersp­ectivade melhora já para 2018 e, sobretudo, num próximo mandato.

Pimentel tem a seu favor a falta de adversário­s definidos e o baque sofrido pelo principal adversário, o PSDB, com a implicação do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na delação da JBS. Os tucanos não têm um candidato em Minas.

Assim como Pimentel, já percorrem o Estado em précampanh­a o ex-prefeito de BH Marcio Lacerda (PSB) e o ex-deputado estadual Dinis Pinheiro (PP). O nome do prefeito de Betim, Vittorio Medioli (PHS), também é cotado.

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Cristiane Mattos - 10.jul.2017/Futura Press /Folhapress Em pesquisa, ocupante do cargo aparece atrás só do prefeito de BH, que descarta concorrer; PSDB não tem candidato O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT); ele é alvo de duas denúncias no âmbito da Operação Acrônimo

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