Folha de S.Paulo

Clérigo do Irã defende Assad e diz que EUA financiam terror

Mohsen Araki discursou em evento islâmico neste sábado, em SP

- GUILHERME MAGALHÃES

Em um discurso com forte retórica antiameric­ana, o aiatolá do Irã Mohsen Araki defendeu o regime do ditador sírio, Bashar al-Assad, em um evento sobre terrorismo realizado neste sábado (29), em São Paulo.

Para o clérigo, “o governo protege o povo sírio”. “Divergimos em alguns pontos, mas sabemos que o povo sírio precisa de um governo que os proteja. Antes eles viviam em paz”, disse Araki, referindos­e ao período anterior à guerra civil iniciada em 2011 e que opõe as forças de Assad (apoiadas por Rússia e Irã) a rebeldes opositores, que têm nos EUA um forte aliado.

Segundo Araki, “todos sabem que os americanos patrocinam os grupos terrorista­s” —ele não mencionou quais seriam. “Eles [americanos] tomam nosso dinheiro, implantam desavenças na região e dão armas. Existe um agressor pior do que esse?”

Araki participou do encontro “Os muçulmanos e o enfrentame­nto ao terrorismo e ao radicalism­o”, organizado pelo Centro Islâmico no Brasil em um hotel na zona norte de São Paulo. A visita do clérigo ao Brasil despertou críticas de líderes religiosos, que o acusam de discurso de ódio contra Israel.

Em entrevista à Folha na sexta-feira (28), Araki afirmou ter sido mal interpreta­do e que o ambiente de ódio foi criado por aqueles que o criticaram.

Na palestra, o aiatolá, que é do ramo xiita do islã, criticou as monarquias sunitas do golfo Pérsico, lideradas pela ArábiaSaud­ita,umadasprin­cipais aliadas dos EUA na região. “Os dirigentes do Golfo viram a paz na Síria, tiveram inveja e a tiraram deles.”

Nascido no Iraque, Araki é hoje um dos 88 membros da Assembleia dos Especialis­tas do Irã, instância responsáve­l por indicar o líder supremo —cargo ocupado desde 1989 pelo aiatolá Ali Khamenei.

O clérigo afirmou que “o americano implantou a discórdia no Iraque”. “Um irmão iraquiano me disse uma vez que ninguém lidava com os termos sunita ou xiita. O Iraque era um povo só.” CRÍTICAS A ISRAEL Araki classifico­u como “terrorismo” as restrições impostas por Israel à entrada de muçulmanos na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém.

No dia 14, um atentado deixou dois policiais israelense­s mortos em uma das entradas da Cidade Velha. Em resposta, o governo de Israel instalou detectores de metal na Esplanada, mas depois os retirou após uma onda de protestos de palestinos. No entanto, está em vigor um veto à entrada de muçulmanos com menos de 50 anos.

“Por que muçulmanos não podem entrar em suas mesquitas? Isso não é terrorismo? Centenas de palestinos foram feridos porque queriam entrar e fazer suas orações.”

 ??  ?? » ALEMANHA Mulher coloca vela em um memorial improvisad­o em Hamburgo, no local onde um homem matou 1 pessoa e feriu outras 6 na sexta-feira (28); autor, um palestino cuja identidade não foi divulgada, teria se radicaliza­do e era psicologic­amente instável
» ALEMANHA Mulher coloca vela em um memorial improvisad­o em Hamburgo, no local onde um homem matou 1 pessoa e feriu outras 6 na sexta-feira (28); autor, um palestino cuja identidade não foi divulgada, teria se radicaliza­do e era psicologic­amente instável

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