Folha de S.Paulo

Até às 8h a reportagem não havia encontrado nenhum assistente social no local.

- MARTHA ALVES

DE SÃO PAULO

A Prefeitura de São Paulo retirou moradores sem-tetos debaixo do viaduto Júlio de Mesquita Filho, na Bela Vista, região central, na manhã deste sábado (29).

Ao menos cem famílias moravam em barracos construído­s no local. Cerca de 200 homens da Guarda Civil Municipal participam da operação, iniciada por volta das 6h.

Os moradores atearam fogo em pedaços de madeira antes do início da retirada, mas acabaram deixando o local pacificame­nte. Essa não foi a primeira tentativa da prefeitura. Em outras três ocasiões a GCM fez operações na região para retirar os semteto, mas eles retornaram.

Os sem-teto reclamaram que a GCM chegou de forma truculenta à ocupação. A vendedora autônoma Angela de Assis, 22, que morava no local há um ano, falou que os moradores não receberam nenhum documento informando a reintegraç­ão de posse.

Segundo ela, na sexta (28) assistente­s sociais da gestão Doria (PSDB) estiveram no local e disseram que seria feita apenas a limpeza com água. “Hoje chegaram com cachorros e levaram tudo o que a gente tinha, nos trataram como lixo” disse. Dois carros estacionad­os, ao lado do incêndio, foram atingidos.

A desemprega­da Sandra Paes Ribeiro, 24, morava há dois meses na ocupação com os filhos de seis anos e dez meses. Ela disse que foi acordada com o barulho da retroescav­adeira. “Às seis horas tinha uma assistente social que falou para a gente ir para o abrigo”, disse ela, que não sabia para onde ir. PREFEITURA Segundo, o prefeito regional da Sé ,Eduardo Odloak, as equipesfor­amàocupaçã­opara fazer a limpeza, por volta das 6h, e as pessoas começaram a colocar fogo em pedaços de madeira. Um homem suspeito de provocar o incêndio foi preso.“Os caminhões pipa que estavam aqui para a limpeza foram fundamenta­is no controle do fogo.”

Odloak disse que assistente­s sociais atenderam os moradores na sexta-feira (28) e que foram disponibil­izadas vagas em abrigos e locais para guardar seus pertences.

Segundo ele, a GCM deve permanecer no local para evitar nova ocupação. Os moradores disseram que vão reconstrui­r os barracos.

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