Folha de S.Paulo

Único com invencibil­idade maior que a atual, Corinthian­s de 57 não foi campeão

- EDUARDO GERAQUE

Faltava um minuto para acabar o clássico entre Corinthian­s e Santos, que ganhava por 3 a 2, na tarde do dia 3 de novembro de 1957.

A invencibil­idade do time alvinegro da capital, dirigido por Oswaldo Brandão, estava indo para o espaço —onde, literalmen­te, a nave Sputnik 2 com a cadela Laika vagava, segundo jornais do dia.

Eram 28 jogos sem perder, entre amistosos e partidas pelo Paulista. A derrota não renderia a Taça dos Invictos, tão cobiçada na época, em definitivo para o Parque São Jorge.

A bola rondava o gol de entrada do estádio do Pacaembu, que ainda tinha a concha acústica do outro lado do campo, no lugar onde hoje fica o tobogã.

O atacante Paulo, do Corinthian­s, que atuou improvisad­o na lateral, disparou de longe, segundo os relatos.

A bola passou por todos e entrou, mansamente, no gol de Laércio. As quase 20 mil pessoas presentes no estádio municipalv­iramoempat­eem 3 a 3 e um jogo histórico.

O resultado fez com que o jornal “A Gazeta Esportiva” desse o troféu aos dirigentes do Corinthian­s, que desfilaram com a peça pela cidade.

Se o Corinthian­s ainda era o grande time do início da década —e vários jogadores tinham conquistad­o o Troféu do IV Centenário em 1954 —, o Santos, com o menino Pelé, engrenava para as grandescon­quistasdos­anos1960.

A equipe de Brandão fecharia a série invicta em 37 jogos, seis a mais do que a da equipe de Carille, há 31 partidas sem perder.

O elenco de 60 anos atrás tinha nomes históricos. Gilmar no gol, Olavo e Idário na defesa, Cláudio, o maior goleador do time com 306 gols, e Luizinho (chamado de Pequeno Polegar por causa da baixa estatura) na frente.

A série começou em 13 de julho, com o Ypiranga, no Paulista, na vitória por 3 a 1. O último jogo sem perder foi em 8 de dezembro, no 1 a 0 sobre a Portuguesa.

A maior equipe invicta da história do Corinthian­s atuou em 10 clássicos. Contra o Santos foram dois. Mais três contra a Portuguesa, dois contra o São Paulo e outros três frente ao Palmeiras.

Asérieacab­ounumamist­oso. Derrota para o Londrina, por 5 a 3, em 10 de dezembro.

O Paulista, disputado em duas fases de pontos corridos,estavapert­odofim.OCorinthia­ns tinha ainda de confirmar o seu favoritism­o contra o Santos, na Vila, e sobre o São Paulo, na última rodada, outra vez no Pacaembu.

Foi derrotado pelo Santos, que venceu por 1 a 0. Na última rodada, perdeu o jogo e o título para o São Paulo. Com Zizinho e Canhoteiro, o time tricolor aplicou 3 a 1.

A história registra a final como a tarde das garrafadas, por causa da fúria da torcida corintiana, que só foi celebrar um título vinte anos depois, em 1977.

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Revista do Corinthian­s Paulo (de camisa listrada) marca gol contra o Santos

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