Mulheres batem mais recordes na natação
Nadadoras conseguem quebrar marcas mundiais estabelecidas em 2008 e 2009 com trajes de poliuretano
Dezesseis marcas já foram batidas em provas femininas; homens derrubaram seis recordes mundiais
Aos poucos, muito mais do que os homens, as mulheres têm conseguido apagar os recordes mundiais da natação estabelecidos em 2008 e em 2009 com trajes de poliuretano —que cobriam quase todo o corpo do atleta e ajudavam sobretudo na flutuação— em piscina longa (50 m).
Das 20 provas que fazem parte da programação de Jogos Olímpicos e Mundiais, 16 já tiveram marcas registradas naquele biênio quebradas pela ala feminina. O naipe masculino, por sua vez, derrubou os primados de apenas seis.
No Mundial de Budapeste, que se encerra neste domingo (30), foi dada nova prova de que elas têm sido mais eficientes do que o sexo oposto na destruição de tempos.
A canadense Kylie Masse, 21, cravou 58s10 na final dos 100 m costas e reduziu em dois centésimos o recorde anterior, que desde 28 de julho de 2009 pertencia à britânica Gemma Spofforth. O tempo da europeia, obtido com o traje, era tido como intocável.
“Estou muito orgulhosa do resultado. E muito surpresa porque nem pensava em tocar no recorde mundial”, afirmou Kylie na terça (25).
Outra marca considerada “impossível” caiu no sábado (29). Nos 50 m livre, a sueca Sarah Sjostrom levou ouro com o tempo de 23s67. Superou assim o recorde estabelecido pela alemã Britta Steffen em 2009, de 23s73.
As marcas femininos obtidos em 2008/2009 e ainda em vigor são os dos 200 m livre, 50 m costas, 200 m borboleta e o do revezamento 4 x 200 m livre.
À exceção dos 200 m borboleta, todos os demais já viram marcas próximas.
Entre os homens, há menos ameaça. Nos 200 m livre, Estilos em piscina longa - 50 m 200 m borboleta Recorde Tempo mais próximo do recorde sem o traje 2min04s06 Jiao Liuyang (CHN) 200 m costas e 400 m medley, por exemplo, nenhum nadador conseguiu ficar a menos de um segundo dos registros feitos com os supertrajes.
Nos 800 m livre masculino, o tempo que nos últimos sete anos mais se aproximou dos 7min32s12 feitos pelo chinês Zhang Lin em 2009 foi seis segundos mais lento.
Em que pesem fenômenos como Sarah e a norte-americana Katie Ledecky (nos 400 m, 800 m e 1.500 m), que ostentam quatro recordes atuais, outros fatores contribuem para a maior concentração de recordes no feminino.
O biomecânico Augusto Barbosa, que trabalha com o brasileiro Cesar Cielo, recordista mundial dos 50 m e 100 m livre, desde 2009, atribui o fato ao equipamento. Os supermaiôs foram vetados pela Fina (Federação Internacional de Natação) em 2010, mas, enquanto aos homens foi permitido usar apenas bermuda, as mulheres utilizam uma peça que cobre coxas, abdômen e peito.
“Pode até não ser o mesmo material de 2008 e 2009, mas as mulheres ainda têm quase todo o corpo coberto. Para elas a condição ainda é melhor, enquanto o que foi tirado dos homens é mais significativo”, disse Barbosa.
Eletambémafirmaquehouve grande evolução em técnicas de treinamento nos últimos anos. Barbosa considera otempodeMichaelPhelpsnos 400 m medley (4min03s84), umdosdoisrecordesaindaremanescentes de 2008, o mais difícil de ser batido.
Nicholas Santos, 37, prata dos 50 m borboleta, adere ao coro do biomecânico e inclui outro detalhe para a diferença:relaçãoentrepesoeaágua.
“O fato de os homens terem no geral massa muscular muito maior do que a das mulheres afeta bastante, já que elas têm 50% mais maiô do que nós”, afirmou.
Santos foi o nadador que maisseaproximoudeumadas marcasimbatíveisde2009.Ao cravar 22s61 nos 50 m borboleta no Troféu Maria Lenk, em maio, ficou a apenas 0s18 do recorde de Rafael Muñoz.