Folha de S.Paulo

Como dominar a ansiedade

-

VOCÊ JÁ reparou que o maior medo das pessoas atualmente é não saber o que vai acontecer hoje?

Ninguém sabe ao certo como a economia vai se comportar, qual é o próximo fator surpresa que pode dar uma guinada no cenário ou a próxima tecnologia que pode alterar o comportame­nto do consumidor da noite para o dia. Para onde quer que se olhe, nada é previsível.

Mas a verdade é que o mundo sempre esteve repleto de incertezas. Essa é, aliás, a grande beleza da vida: tudo muda o tempo todo.

Porém, a velocidade e a intensi- dade com que as mudanças acontecem atualmente é o que tem assustado. Tamanha imprevisib­ilidade provoca inseguranç­a e ansiedade constantes. As pessoas passam a viver em estado de alerta o tempo todo. E isso é muito ruim.

Estamos paranoicos, sempre tentando nos preparar, atentos a qualquer sinal. Também enxergamos perigo em todos os lugares, até mesmo em pessoas próximas.

Isso explica, em parte, por que muitos profission­ais têm postura tão reativa hoje. Eles têm medo. Como se sentem em constante perigo, reagem como se estivessem sendo atacados, mesmo quando não estão.

É claro que ninguém quer viver assim. Mas qual é o remédio então?

Já que não podemos —nem devemos— controlar as mudanças, só nos resta a solidaried­ade. Precisamos parar de pensar apenas em nós mesmos, na nossa segurança, no nosso futuro, nas nossas escolhas.

Dentro das empresas, precisamos olhar mais para os nossos colegas. Às vezes, devemos colocar os outros em primeiro lugar.

Não precisa ser um grande gesto, uma abnegação. Basta ajudar um colega a resolver um problema, ensinar alguma coisa para alguém, oferecer apoio para quem está passando por alguma dificuldad­e.

Quando você faz algo de bom por alguém, só pensando no bem-estar do outro, você traz um pouquinho de paz para o ambiente em que convive. Isso renova a esperança do outro —e a sua também.

A única maneira de afastar o medo e dominar a ansiedade é constatar que você não está sozinho.

Muitos profission­ais têm uma postura reativa porque estão com medo e se sentem constantem­ente em perigo

EDUARDO SODRÉ escreve na próxima edição

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil