Folha de S.Paulo

Na esfera estadual se fosse aprovada —os Estados teriam seis meses para aprovar as próprias regras depois.

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11,7% das receitas dos Estados, calcula Leonardo Rolim, consultor de Orçamento da Câmara dos Deputados.

Em 2020, a verba extra para pagar os benefícios pode chegar a 17% da receita. “O deficit financeiro dos regimes previdenci­ários é o principal componente da crise fiscal dos Estados, e vai aumentar muito nas próximas décadas”, afirma o economista.

Segundo Rolim, o rombo será crescente até pelo menos a década de 2030. Se o Congresso não aprovar uma reforma da Previdênci­a, ele vai se estabiliza­r em nível superior ao atual por volta de 2080.

Cálculos de Rolim com basenosrel­atóriosmos­tramque o deficit financeiro dos Estados em 2015 foi de R$ 61,4 bilhões, o equivalent­e a R$ 32 mil por servidor. Os governos estaduais tinham naquele ano 2,8 milhões de funcionári­os ativos e 1,9 milhão de aposentado­s e pensionist­as.

“Se não vier a reforma, a situação vai ficar explosiva”, afirma o presidente da Fundação de Previdênci­a Complement­ar de São Paulo (Prevcom), Carlos Henrique Flory.

A proposta de reforma da Previdênci­a em discussão no Congresso, que foi posta de lado por causa da crise política, não teria aplicação imediata MAIS TEMPO Em São Paulo, diz Flory, 60 mil dos 647 mil servidores do Estado já podem parar de trabalhar —dentro de 20 anos, todos devem estar aposentado­s. “E essas pessoas vão viver muito mais do que o cálculo atuarial previa”, afirma.

Pesquisas feitas por Robert Palacios (da OCDE), Edward Whitehouse (do Banco Mundial) e Franz Rothenbach­er (da Universida­de de Mannheim) mostram que a expectativ­a de sobrevida de servidores é maior que a do restante da população, permitindo que recebam benefícios por mais tempo que os trabalhado­res do setor privado.

Duas caracterís­ticas dos servidores estaduais brasileiro­s agravam essa situação. Uma é que até 70% dos funcionári­os nos Estados são mulheres, que se aposentam mais jovens e vivem mais.

Outra é a participaç­ão dos militares, que deixam a ativa mais cedo. O peso deles nos Estados é maior do que na União,dizRolim,porqueuma porcentage­m maior chega ao ápice da carreira e se aposenta com salários mais altos.

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