Filme reconstitui lutas de Jofre, maior boxeador brasileiro
Com ator Daniel de Oliveira no papel principal, longa tem previsão de estreia no cinema em janeiro de 2018
“Ouvi a contagem dos segundos e tratei, com todas as minhas forças, de me levantar. O último golpe foi o mais poderoso que eu já recebi.”
Assim o mexicano Eloy Sanchez explicava a derrota, por nocaute, para o brasileiro Eder Jofre, então campeão sul-americano. O combate foi disputado em Los Angeles, na noite 18 de novembro de 1960.
Com a queda de Sanchez no sexto round, o pugilista paulistano se tornou, aos 24 anos, campeão mundial no peso galo pela Associação Nacional de Boxe, que depois deu lugar à Associação Mundial de Boxe (WBA, em inglês).
A luta contra o mexicano é uma das seis reconstituídas no filme “10 Segundos”, que narra a trajetória do maior nome da história do boxe brasileiro.
Os outros combates representados na produção são: disputa ainda como amador em 1957; contra o mexicano José Medel, em 1960; contra o irlandês Johnny Caldwell, em 1962; contra o japonês Fighting Harada, em 1965; e, por fim, contra o cubano José Legra, em 1973.
Com estreia prevista para o início de 2018, a produção tem no papel central Daniel de Oliveira, que já atuou em “Cazuza” (2004) e está em “Os Dias Eram Assim”, da TV Globo.
Oliveira se preparou por nove meses para as filmagens, que ocorreram entre julho e setembro de 2016. Ele montou um ringue na sua casa para treinar boxe.
Dirigido por José Alvarenga, o filme está orçado em R$ 8,5 milhões, valor alto para os padrões do cinema no Brasil.
A produção é uma parceria da Tambellini Filmes e da Globo Filmes. De acordo com o produtor Flávio Tambellini, o longa pode virar uma minissérie na TV Globo.
Além das cenas com os ato- res, “10 Segundos” terá um depoimento de Eder Jofre, que está com 81 anos —nasceu em 26 de março de 1936.
Na gravação, o ex-pugilista falou sobre a duração de um nocaute. “Um lutador pode ter a glória ou a desgraça em dez segundos”, afirmou Jofre, oferecendo o mote para o nome do filme.
O “Galo de Ouro”, como foi apelidado, nunca perdeu por nocaute ao longo de sua carreira profissional.
Considerado o maior boxeador
FLÁVIO TAMBELLINI
produtor de “10 Segundos”
“com 27 e 23 anos, não sabiam quem tinha sido Eder Jofre. As novas gerações precisam conhecê-lo
dos anos 1960 pela revista norte-americana “The Ring”, à frente de Muhammad Ali, Jofre contabilizou 75 vitórias (52 por nocaute), quatro empates e duas derrotas, ambas por pontos.
Depois da consagração no peso galo (até 53,5 kg), ele passou a lutar como pena (até 57,1 kg) em 1970. Três anos depois da mudança, Eder Jofre se tornou campeão mundial na nova categoria ao derrubar o cubano José Legra, em Brasília.
A luta em Brasília foi uma das últimas acompanhados por José Aristides Jofre, o Kid Jofre, pai e treinador de Eder.
A relação entre eles, aliás, aparece de forma constante no filme. Kid, interpretado por Osmar Prado, era um técnico austero, que acordava o filho às 5h para treinar.
Kid morreu em 1974 e, dois anos depois, o filho abandonou o boxe profissional.