Folha de S.Paulo

A GENTE MORA NO AGORA

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DE SÃO PAULO

Paulo Miklos sabe que confunde as pessoas ao anunciar “A Gente Mora no Agora” como seu primeiro disco. Afinal, já lançou “Paulo Miklos” (1994) e “Vou Ser Feliz e Já Volto” (2001), quando ainda era integrante dos Titãs. E a diferença é justamente essa.

“Tinha consciênci­a, quando saí do grupo, no ano passado, que o próximo trabalho teria esse peso. Teria de chegar com algo potente, essa é a música que eu quero fazer agora”, diz Miklos à Folha.

“É o terceiro que fiz, mas é o primeiro de uma carreira individual. Os discos de artistas não precisam ser chamados de trabalho solo. Os outros dois, sim, porque eram alternativ­os ao trabalho nos Titãs.”

Miklos almeja se colocar como intérprete. “Ser cantor é o centro do que eu faço. Em segundo lugar, vem o diálogo com os parceiros.”

Essas parcerias começam com o produtor, Pupillo, integrante da Nação Zumbi. “Nesse disco eu quis deliberada­mente ter essa pegada brasileira. Encontrei no Pupillo o cara perfeito. Eu não queria uma quebrada funk, uma pisada rock and roll.”

O disco pode ser classifica­do como MPB. Afinal, Miklos é popular e brasileiro. Tem um pouco de tudo no disco, mas fãs ardorosos dos Titãs talvez sintam falta do rock.

“Tem uma maneira de cantar gritado, uma pegada minha, que os fãs podem não encontrar no disco. Não tem som mais pesado. Acho que estou numa posição na qual não preciso mais fazer em cada projeto tudo o que sei.”

A variação de parcerias nas composiçõe­s mostra que Miklos tem bom trânsito com gerações diferentes. Fez música com Erasmo Carlos e Guilherme Arantes, mais velhos e seus ídolos. Canta obras de contemporâ­neos como Nando Reis e Arnaldo Antunes — com este fez “Deixar de Ser Alguém”, frevo nada titânico.

Também canta Mallu Magalhães e compõe com gente mais jovem: Emicida, Lurdes

PAULO MIKLOS

cantor e compositor da Luz, Tim Bernardes (do trio O Terno) e Céu.

“Falei com a Céu que gostaria de tratar do universo feminino. Ela fez ‘Princípio Ativo’. ficou especial, sensível, parece coisa antiga. Falávamos que era nossa música hippie, tem eco de Secos & Molhados.” Miklos gostou de ouvir no disco também algo de Novos Baianos e Mutantes.

Os primeiros shows para lançar o disco serão nos dias 17 e 18 de agosto, na Casa Natura Musical, em São Paulo. Miklos diz ter um “Quarteto Fantástico” para o palco: Renato Neto, que trabalhou 11 anos com Prince, nos teclados, Otávio Carvalho no baixo, Michelle Abu na bateria e Michele Cordeiro na guitarra.

Ele deve rechear os shows com músicas dos Titãs e talvez uma versão de “My Funny Valentine”, que ele cantava ao interpreta­r Chet Baker no teatro no ano passado.

A carreira de ator, iniciada sob elogios no filme “O Invasor” (2011), segue forte. Nesta terça (1º), ele aparece atuando na nova série global “Sob Pressão”. (TM) ARTISTA Paulo Miklos LANÇAMENTO Deck QUANTO R$ 25 (CD), nas lojas a partir do dia 11 de agosto

Tinha talentos dentro dos Titãs. Reproduzi isso para fora, me cerquei até de ídolos como Erasmo Carlos e Guilherme Arantes

 ?? Zanone Fraissat/Folhapress ?? Paulo Miklos, que lança o disco ‘A Gente Mora no Agora’, posa para foto em café nos Jardins
Zanone Fraissat/Folhapress Paulo Miklos, que lança o disco ‘A Gente Mora no Agora’, posa para foto em café nos Jardins

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