Tucanos mantêm senador Tasso como presidente interino
As investigações da Operação Lava Jato no Rio entraram nesta quinta-feira (3) numa nova fase com a prisão do exsecretário municipal de Obras Alexandre Pinto, responsável por boa parte das intervenções na cidade na gestão de Eduardo Paes (PMDB).
O juiz Marcelo Bretas afirmou, em decisão que determinou a prisão preventiva e temporária de dez pessoas, que “o que se veicula como sendo a organização criminosa do [ex-governador] Sérgio Cabral é na verdade uma organização criminosa de membros do PMDB-RJ”.
As investigações da Operação Rio 40º indicam que o ex-secretário teria cobrado propina de 1% sobre as obras da Transcarioca e da recuperação ambiental da bacia de Jacarepaguá — apontadas como legado da Copa do Mundo e Olimpíada, respectivamente.
É um percentual semelhante ao que era cobrado na mesma pasta do Estado —a chamada “taxa de oxigênio”.
“Há similitude no modus operandi, o esquema criminoso [no Estado] foi replicado em âmbito municipal, demonstrando que, possi- velmente, a organização criminosa era chefiada por pessoas influentes do referido partido político no Rio”, escreveu Bretas.
O esquema, segundo o Ministério Público Federal, envolveu também seis servidores municipais responsáveis pela fiscalização dos contratos, que cobravam 1% cada, pagos nos próprios canteiros de obras.
Aponta ainda o envolvimento de Laudo Dalla Ziani, genro do ex-deputado Pedro Corrêa (PP), como lobista que supostamente viabilizou recursos do Ministério das Cidades (outro 1%), e uma advogada suspeita de lavar dinheiro de propina.
Paes não é citado no pedido de prisão e, segundo depoimentos de ex-funcionários da Carioca Engenharia e OAS, nunca pediu propina.
Um deles é Antônio Cid, ex-executivo da OAS, preso temporariamente pela manhã, mas liberado no fim do dia ao colaborar com as investigações. Além de isentar Paes e confirmar propina ao ex-secretário e fiscais, afirmou que houve repasses também a membros do Tribunal de Contas do Município.
“As investigações são rela- cionadas a fatos, não pessoas. As apurações continuam”, disse o procurador Rafael Barreto, quando questionado sobre o possível envolvimento de Paes.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações indicam a cobrança de pelo menos R$ 35,5 milhões —nem tudo teria sido pago. A operação é um desdobramento das delações de executivos da Carioca Engenharia. OUTRO LADO Paes afirmou que “a política não teve qualquer relação com a nomeação de Pinto para secretário de Obras”.
“Ele é um quadro técnico da Prefeitura do Rio e por isso foi colocado naquela posição. Sempre me orgulhei do fato de nossas obras não estarem envolvidas em escândalos”, afirmou ele. Ele refutou a tese de que o esquema apontado em denúncias contra Cabral tenha sido “replicado em âmbito municipal”.
“Isso não consta nem da peça de acusação do Ministério Público. Meu nome ou minha condição política e partidária sequer são citados na denúncia [pedido de prisão]”, disse o ex-prefeito.
O PMDB-RJ afirmou que nunca influenciou na nomeação de cargos do Executivo estadual ou municipal.
A Prefeitura do Rio afirmou que vai exonerar os servidores presos. Um deles, Alzamir Freitas, virou coordenador geral de obras. A Folha não conseguiu contato com os advogados de Alexandre Pinto. DE BRASÍLIA - Depois de mais de um mês de indefinições, o PSDB decidiu manter o senador Tasso Jereissati (CE) como presidente interino do partido. Irritado com as articulações de Aécio Neves (MG), presidente licenciado da legenda, Tasso chegou a fazer uma carta de demissão no início da semana, mas concordou em aguardar a votação na Câmara sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer.
Aécio e Tasso se reuniram na manhã desta quinta-feira (3) para discutir o comando do partido até a convocação de uma convenção nacional, o que deve ocorrer até o fim do ano. Na prática, deixam tudo como está: oficialmente o mineiro segue licenciado do cargo, mas não deixa o papel de líder do partido.
“É [Tasso] quem hoje tem as melhores condições para conduzir a renovação do PSDB e sua reinserção em setores da sociedade”, disse Aécio sobre o interino.
Tasso, por sua vez, disse que Aécio segue como “presidente licenciado”.
Os senadores chegaram a conversar na noite de terça (1) sobre o tema, mas decidiram aguardar a definição da Câmara. Os deputados decidiram na noite de quarta (2), com 263 votos, barrar a acusação contra o peemedebista.
Os tucanos se mostraram divididos sobre a situação de Temer: 22 votaram contra a continuidade das investigações e 21 pelo avanço.