Folha de S.Paulo

Presidente do Equador retira funções do vice

Decisão não implica destituiçã­o de Jorge Glas, acusado de corrupção no caso Odebrecht

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O presidente do Equador, Lenín Moreno, retirou nesta quinta-feira (3) mediante decreto todas as funções de seu vice-presidente, Jorge Glas, envolvido em denúncias de corrupção que incluem relação com a construtor­a brasileira Odebrecht.

A decisão não implica na destituiçã­o de Glas, mas o afasta das responsabi­lidades nos setores produtivos e tributário­s, bem como de coordenar a reconstruç­ão de uma área destruída por um terremoto em abril de 2016.

“Sou o vice-presidente eleito e vou terminar o meu mandato. Com ou sem funções, continuare­i trabalhand­o”, disse Glas, que também foi vice-presidente entre 2013 e 2017 de Rafael Correa.

No decreto, Moreno diz que a lealdade implica servir o país em unidade, “o que não foi devidament­e executado pelo vice-presidente”.

Mais cedo, Glass afirmou que não vai renunciar e que não pretende conspirar contra Moreno nem gerar instabilid­ade no país.

Pressionad­o, o vice-presidente enfrenta acusações de suposto envolvimen­to no escândalo do caso Odebrecht. No mês passado, ele depôs ao Ministério Público do Equador sobre as denúncias. Glas nega as acusações.

De acordo com o Departamen­to de Justiça dos Estados Unidos, a Odebrecht pagou US$ 33 milhões (R$ 105 milhões) de propinas entre 2007 e 2016 às autoridade­s locais.

Em junho, Ricardo Rivera, tio de Glas, foi preso em operação da polícia que deteve seis pessoas que teriam recebido ou operado suborno.

As acusações elevaram a tensão e o mal-estar no governo. Na quarta (2), Glas publicou uma carta com críticas ao presidente Moreno e o acusando de se aliar à oposição e de contrariar princípios do partido do qual fazem parte, o Alianza País.

Em pleno recesso legislativ­o, a bancada do Alianza País se reuniu em caráter de urgência nesta quinta para analisar a divergênci­a entre Moreno e Glas e a divisão dentro do próprio partido.

Após o anúncio, o ex-presidente Rafael Correa, que também faz parte do Alianza País, ironizou a decisão do presidente Moreno.

“O ‘diálogo’ só foi para os que odeiam a Revolução! Adiante, Jorge. Considere isso uma condecoraç­ão”, disse Correa, que foi presidente entre 2007 e 2017 e que tem sido crítico em relação a forma de governar da atual gestão.

O vice-presidente não pode ser destituído pelo presidente. A única via para suspendê-lo do cargo é pelo julgamento político desde a Assembleia (de maioria governista), que rejeitou tal possibilid­ade há duas semanas.

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Mitch Williams/Social Media Website/via Reuters » EM CHAMAS Incêndio volta a atingir arranha-céu de 79 andares conhecido como “A Tocha”, em Dubai, que já havia pegado fogo em 2015 —não havia relato de vítimas
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Rodrigo Buendia/AFP O vice do Equador, Jorge Glas, durante pronunciam­ento

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