Reunião do Mercosul em SP deve impor nova suspensão a Caracas
Chanceleres usarão ruptura democrática para excluir Venezuela de qualquer decisão do bloco
Segundo diplomatas, decisão não pode ser vista como expulsão, mas dificulta retorno do país caribenho
A reunião dos chanceleres do Mercosul que ocorre neste sábado (5), em São Paulo, deve fechar ainda mais o cerco diplomático à Venezuela, definindo uma nova suspensão do país do bloco, por meio da aplicação do Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrático.
Além da suspensão mais técnica, por descumprir cláusulas que regulam o Mercosul, definida em dezembro, deve ser agregada uma nova suspensão, desta vez claramente política —o agravamento da ruptura democrática no país caribenho.
Até a sexta (4) à tarde, os diplomatas não usavam o termo “expulsão”, algo que o próprio chanceler argentino, Jorge Faurie, descartou na cúpula do bloco em julho, em Mendoza, por ir “contra o espírito do Mercosul, que é o de ampliar sua atuação na região e não reduzi-la”.
A nova suspensão, na prática, significa que o país continuará de fora de todos os órgãos de atuação do bloco. Não se trata de um meio-termo ou um passo anterior a uma expulsão, pelo menos por ora. Se antes a Venezuela já tinha uma suspensão, agora deve acumular duas.
É uma situação mais grave que a anterior e que exigirá do país caribenho, caso queira voltar a integrar o bloco de maneira plena, um caminho com ainda mais requisitos a cumprir.
Na quinta-feira (3), Faurie viajou a Montevidéu para convencer seu par uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, a dar este novo passo. O Uruguai vinha resistindo a tomar medidas mais duras com relação à Venezuela por conta da pressão exercida pelo Parlamento local, com uma maioria composta pela esquerdista Frente Ampla, que nutre simpatias ao chavismo.
As últimas demonstrações de repressão durante o fim de semana de votação da Assembleia Constituinte fizeram com que o governo uruguaio mudasse de ideia.
Em Mendoza, há duas semanas, o país rejeitou uma declaração final mais incisiva contra a Venezuela. Agora, após uma eleição com indícios de fraude, ao menos 14 mortos na repressão às manifestações e as novas prisões de Leopoldo López e Antonio Ledezma, o Uruguai se mos-