Folha de S.Paulo

Reunião do Mercosul em SP deve impor nova suspensão a Caracas

Chancelere­s usarão ruptura democrátic­a para excluir Venezuela de qualquer decisão do bloco

- SYLVIA COLOMBO

Segundo diplomatas, decisão não pode ser vista como expulsão, mas dificulta retorno do país caribenho

A reunião dos chancelere­s do Mercosul que ocorre neste sábado (5), em São Paulo, deve fechar ainda mais o cerco diplomátic­o à Venezuela, definindo uma nova suspensão do país do bloco, por meio da aplicação do Protocolo de Ushuaia sobre Compromiss­o Democrátic­o.

Além da suspensão mais técnica, por descumprir cláusulas que regulam o Mercosul, definida em dezembro, deve ser agregada uma nova suspensão, desta vez claramente política —o agravament­o da ruptura democrátic­a no país caribenho.

Até a sexta (4) à tarde, os diplomatas não usavam o termo “expulsão”, algo que o próprio chanceler argentino, Jorge Faurie, descartou na cúpula do bloco em julho, em Mendoza, por ir “contra o espírito do Mercosul, que é o de ampliar sua atuação na região e não reduzi-la”.

A nova suspensão, na prática, significa que o país continuará de fora de todos os órgãos de atuação do bloco. Não se trata de um meio-termo ou um passo anterior a uma expulsão, pelo menos por ora. Se antes a Venezuela já tinha uma suspensão, agora deve acumular duas.

É uma situação mais grave que a anterior e que exigirá do país caribenho, caso queira voltar a integrar o bloco de maneira plena, um caminho com ainda mais requisitos a cumprir.

Na quinta-feira (3), Faurie viajou a Montevidéu para convencer seu par uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, a dar este novo passo. O Uruguai vinha resistindo a tomar medidas mais duras com relação à Venezuela por conta da pressão exercida pelo Parlamento local, com uma maioria composta pela esquerdist­a Frente Ampla, que nutre simpatias ao chavismo.

As últimas demonstraç­ões de repressão durante o fim de semana de votação da Assembleia Constituin­te fizeram com que o governo uruguaio mudasse de ideia.

Em Mendoza, há duas semanas, o país rejeitou uma declaração final mais incisiva contra a Venezuela. Agora, após uma eleição com indícios de fraude, ao menos 14 mortos na repressão às manifestaç­ões e as novas prisões de Leopoldo López e Antonio Ledezma, o Uruguai se mos-

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