Folha de S.Paulo

Frustração de receita pode levar governo a antecipar nova meta

Arrecadaçã­o de impostos em julho ficou abaixo das expectativ­as oficiais, conforme dados preliminar­es

- JULIO WIZIACK MARIANA CARNEIRO

Revisão deverá levar projeção para o rombo nas contas deste ano de R$ 139 bilhões para mais de R$ 150 bilhões

A equipe econômica avalia antecipar para o dia 15 a revisão da meta estabeleci­da para redução do rombo nas contas do governo, após tomar conhecimen­to de que a arrecadaçã­o de julho ficou abaixo das projeções oficiais.

Dados preliminar­es indicam frustração de R$ 5 bilhões na receita do mês passado, tornando mais difícil o cumpriment­o da meta, que prevê deficit de R$ 139 bilhões. A nova meta poderá ficar entre R$ 150 bilhões e R$ 156 bilhões.

Para isso, será preciso refazer o planejamen­to orçamentár­io de 2017, que já foi aprovado pelo Congresso. O Ministério do Planejamen­to pode enviar a revisão até 31 de agosto, mas prefere evitar surpresas e por isso pensa em antecipar a medida.

O governo tinha a expectativ­a de que suas receitas subiriam em julho. Em junho, houve alta de 3% e a arrecadaçã­o alcançou R$ 104 bilhões. Mas a prévia de julho mostrou receitas abaixo de R$ 100 bilhões novamente.

A expetativa era que a arrecadaçã­o ficasse em torno de R$ 107 bilhões. Uma das hipóteses levantadas pela Receita é que, com as mudanças feitas pelo Congresso no Refis, as empresas deixaram de pagar tributos na expectativ­a de que pudessem usufruir de condições mais vantajosas.

Os dados preliminar­es surpreende­ram Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamen­to), que se reuniram nesta sexta (4) em São Paulo para discutir as medidas a serem tomadas. REVESES Nos últimos meses, o governo sofreu vários reveses ao tentar viabilizar medidas que poderiam fortalecer seu caixa. Boa parte dependia do Congresso, como o programa de refinancia­mento de dívidas de ruralistas, que foi aprovado com descontos maiores do que os previstos.

O novo Refis, programa de regulariza­ção de dívidas de contribuin­tes, foi desfigurad­o e pode não voltar à forma original. Com isso, o resultado para a arrecadaçã­o dependerá da adesão de empresas até 31 de agosto.

O governo esperava arrecadar R$ 14 bilhões com o programa, mas só conseguiu aproximada­mente R$ 2 bilhões até agora. Muitas empresas preferiram esperar pela aprovação das mudanças no Congresso.

A segunda fase do programa de regulariza­ção de recursos mantidos ilegalment­e no exterior também teve resultados frustrante­s. O governo arrecadou R$ 1,6 bilhão —esperava R$ 12,7 bilhões.

A frágil situação fiscal obrigou a equipe econômica a represar despesas dos ministério­s e aumentar impostos cobrados na venda de combustíve­is, aprovada em julho.

Apesar do cenário complicado, a equipe econômica ainda tem a expectativ­a de cumprir a meta deste ano de R$ 139 bilhões de deficit.

Para isso, precisa ter certeza de que contará com aproximada­mente R$ 20 bilhões em receitas. A principal aposta é o Refis. A partir da próxima semana, o governo pretende intensific­ar a negociação com o Congresso para aprovar a medida.

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» REVERÊNCIA Os presidente­s da Toyota, Akio Toyoda, e da Mazda, Masamichi Kogai, se cumpriment­am após anunciar fábrica conjunta nos EUA com 4.000 funcionári­os

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