Folha de S.Paulo

Projeto ensina alunos a transforma­rem sucata em computador no interior de SP

- RAMON BARBOSA FRANCO

DE MARÍLIA (SP) FOLHA,

No interior de São Paulo, máquinas ultrapassa­das e equipament­os que iriam para o lixo passaram a ser reciclados para que se tornem computador­es para crianças pobres e projetos sociais.

Computador­es, impressora­s, monitores, notebooks, teclados, mouses e impressora­s que antes seriam recolhidos pela limpeza pública e acabariam sem utilidade servem agora de base para a composição de máquinas “novas”.

A iniciativa começou há seis anos em Marília (a 435 km da capital paulista) e já possibilit­ou a doação de 300 computador­es, possibilit­ando destinação adequada para o lixo eletrônico.

“Em vez de as empresas, escritório­s e até órgãos públicos jogarem fora seus antigos computador­es, passamos a recebê-los na escola”, explica Fábio Henrique Zanella Moura, idealizado­r do projeto e professor de informátic­a na escola técnica estadual Antônio Devisate.

Ao ministrar um curso de computação na instituiçã­o,

RENATO AUGUSTO DE PAULA

auxiliar docente no laboratóri­o o docente se deparou com uma alta evasão.

“O motivo era nítido: tínhamos apenas cinco computador­es para uma turma de 40 estudantes, num curso onde as atividades práticas contam muito”, afirmou.

Sem verba para novos equipament­os, procurou empresário­s e órgãos públicos da cidade e pediu a doação de equipament­os velhos, que não eram utilizados. Ao lado dos alunos, transformo­u essas máquinas ultrapassa­das nos novos computador­es.

“Através do projeto, além de estimular a ajuda ao próximo, os estudantes colocam em prática muitos conceitos estudados na teoria. E isso facilita muito”, disse Renato Augusto de Paula, atualmente auxiliar docente no laboratóri­o de informátic­a do colégio e ex-aluno do curso.

Já receberam doações entidades que atendem crianças e adolescent­es, universitá­rios sem condições financeira­s e projetos para alunos pobres de municípios vizinhos, como Vera Cruz, Garça, Assis, Oriente e Duartina.

Cada máquina doada é composta por CPU com DVD, monitor, teclado, mouse, caixa de som e estabiliza­dor, com configuraç­ão para acesso à internet.

Um convênio com a Microsoft possibilit­ou a instalação de Windows e do pacote Office. Com os programas originais instalados, cada computador doado teria um valor de R$ 1.260 se fosse vendido.

Após o sucesso dos primeiros equipament­os reciclados, que foram usados na própria escola, o projeto —batizado de “ReciclaEte­c”— cresceu e passou a ser administra­do pela associação de pais e alunos do colégio.

A iniciativa se mantém com a venda de parte da sucata eletrônica, que não serve para os computador­es novos, a ferros-velhos.

A Folha promove no dia 23 de agosto (quarta-feira) o fórum Mudança de Hábitos e Redução de Danos à Saúde. O evento discutirá práticas e políticas para reduzir os riscos à saúde de pessoas que não conseguem ou não desejam parar de fumar ou de beber.

Segundo estudo da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, o número de mortes provocadas pelo tabagismo no mundo deve aumentar de 6 milhões para 8 milhões por ano até 2030.

Entre 1990 e 2015, o Brasil viu a taxa de fumantes diários cair de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre mulheres. No entanto, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o país ainda tem um prejuízo anual de R$ 56,9 bilhões com o tabagismo.

Dados da OMS apontam ainda que o consumo de álcool per capita no Brasil aumentou 43,5% nos últimos dez anos, passando a figurar acima da média internacio­nal.

Através do projeto os estudantes colocam em prática muitos conceitos estudados na teoria. E isso facilita muito

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