Folha de S.Paulo

Falta de dinheiro agravou desmate, afirma Sarney Filho

Em aviso enviado ao Ministério do Planejamen­to, ministro do Meio Ambiente diz que redução de fiscalizaç­ão elevou desmatamen­to

- RUBENS VALENTE

Em aviso enviado ao Ministério do Planejamen­to no último dia 31, ao qual a Folha teve acesso, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV-MA), reconhece que a falta de dinheiro para ações da fiscalizaç­ão ambiental federal agravou o desmate na Amazônia no período 2015-2016.

O ministro admitiu que o desmatamen­to teve “um aumento significat­ivo” no biênio e solicitou mais recursos para 2018. No ofício direcionad­o ao ministro Dyogo Oliveira, Sarney Filho pediu um aumento de R$ 104 milhões na previsão orçamentár­ia de 2018 do Ibama, tendo em vista a “limitação nas atividades”, notadament­e no combate ao desmatamen­to.

O valor solicitado representa 39% do total previsto para o Ibama em 2018 (R$ 266 milhões).

“No período de 2015 e 2016, o desmatamen­to no Brasil apresentou aumento significat­ivo, agravado principalm­ente pela impossibil­idade de envio de equipes de fiscalizaç­ão às áreas afetadas, visando à contenção dos ilícitos ambientais. É importante destacar que a estratégia de fiscalizaç­ão do desmatamen­to da Amazônia depende significat­ivamente da presença física dos fiscais”, diz o ofício.

Para as ações de fiscalizaç­ão contra o desmatamen­to, o ministro pediu mais R$ 64,2 milhões. Isso representa quase o dobro do que está previsto na proposta para 2018 (R$ 66,8 milhões).

Segundo o aviso de Sarney Filho, as reduções orçamentár­ias e de poder de ação das equipes de fiscalizaç­ão tiveram impacto sobre os compromiss­os internacio­nais de redução do desmatamen­to e do controle das emissões de gases do efeito estufa.

A falta de dinheiro, segundo o ministro, também atingiu os 24 Cetas (Centros de Triagem de Animais Silvestres) do Ibama, que atendem cerca de 50 mil animais por ano. Para esses centros, foram pedidos mais R$ 6 milhões —estão previstos R$ 4,3 milhões.

Sarney Filho também advertiu o colega do Planejamen­to que “é muito temeroso” manter o atual contingent­e do programa de prevenção e combate a incêndios.

Em nota, o Ministério do Planejamen­to informou que o pedido de Sarney Filho“ainda está em análise” e que existem demandas semelhante­s de outras pastas que estão sendo “analisadas tendo em vista a atual restrição orçamentár­ia e diante das obrigações existentes por conta do novo regime fiscal”.

À Folha, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que “observando os dados relativos à execução orçamentár­ia do Ibama e do ICMBio de 2012 a 2016 e ao desmatamen­to no mesmo período, constata-se uma relação inversa. Quanto maior foi a execução, menor foi o desmatamen­to”.

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Edmar Barros - 3.set.2015/Futura Press/Folhapress Área desmatada no município de Lábrea, no Amazonas

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