Folha de S.Paulo

Para 2020, perdi tudo e pago meu time do bolso

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DE SÃO PAULO

Como atleta, o meu objetivo foi conquistad­o: ganhar a medalha olímpica. Ser a primeira mulher medalhista olímpica da história da natação brasileira é uma honra.

Porém, com uma medalha olímpica e histórica a gente espera que o retorno seja melhor. E a realidade foi bem diferente. Minha confederaç­ão (Desportos Aquáticos) não deu o valor que ela merecia.

Daqui a alguns anos, quando eu tiver parado, verão o quão importante ela foi para a natação feminina. O quanto ajudou a abrir portas e fez outras meninas acreditare­m.

Acho que houve muito pouco reconhecim­ento.

Além disso, falta patrocínio. O cenário econômico do Brasil ajudou a cortar investimen­tos, mas achei que essa questão fosse mudar.

Como comparação, iniciei o ciclo olímpico da Rio-2016 com estrutura montada e equipe multidisci­plinar formada. Para Tóquio-2020, não tenho nada. Perdi tudo. Pago minha equipe toda do bolso.

Esporte de alto rendimento é detalhe. Todo detalhe faz diferença. É irreal pensar que é possível repetir um resultado tendo 20% da estrutura que tinha dois anos atrás.

Lutamos para ganhar uma medalha e ir atrás dos nossos sonhos, e muitas vezes esperamos muito. Bem ou mal, há pessoas e patrocinad­ores comigo, então não posso chutar o balde. Só que a falta de reconhecim­ento é frustrante.

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