Folha de S.Paulo

Ação das Forças Armadas mata dois no Rio

Além dos supostos criminosos, um policial militar morreu em acidente de trânsito ao transporta­r presos na operação

- LUIZA FRANCO SÉRGIO RANGEL

Operação mobilizou cerca de 5 mil agentes e teve como objetivo combater tráfico de drogas e roubo de cargas

Dois supostos criminosos e um policial militar morreram neste sábado (5) na segunda fase da operação das tropas federais no Rio.

A ação mobilizou cerca de 5 mil profission­ais das forças de segurança e teve o objetivo de combater o roubo de cargas e o tráfico de drogas na cidade. Com o reforço de militares do Exército e da Marinha, a operação contou também com 79 blindados e oito helicópter­os.

Os dois supostos criminosos morreram pela manhã nas comunidade­s do complexo de favelas do Lins e no Morro São João, ambas na zona norte do Rio.

De tarde, o sargento André Luis Gomes Silva, do BAC (Batalhão de Ação com Cães), morreu na batida de um carro militar que transporta­va dois presos na ação. Ele é o 94º policial morto em 2017 no Rio.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio, 24 pessoas foram presas —18 por mandado, cinco em flagrante e um foragido da Justiça recapturad­o— e dois adolescent­es detidos. Foram apreendida­s também três pistolas, duas granadas, quatro rádios, 21 carros, uma motociclet­a e entorpecen­tes. Nenhum fuzil foi capturado.

“Os resultados são maiores que os números”, disse o ministro da Justiça, Torquato Jardim, que foi ao Rio acompanhar a operação.

No total, os militares realizaram operações em seis comunidade­s nas zonas norte e oeste da cidade. Três delas contavam com UPPs (Unidade de Polícia Pacificado­ra).

O projeto das UPPs colheu bons resultados nos primeiros anos, mas a partir de 2012 passou a sofrer com a falta de recursos para manutenção e com ataques de criminosos.

“A operação mostra que o Estado vai onde quer. Não existe território marcado pelo crime organizado no Rio”, disse o secretário nacional de Segurança Pública, general Carlos Alberto Santos Cruz.

Desde o dia 28, tropas federais atuam no Rio para tentar reduzir índices de violência.

Neste sábado, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos completou um ano.

O plano do governo federal para a segurança pública no Rio deve consumir quase R$ 2 bilhões até o fim de 2018 —R$ 700 milhões serão empenhados até o final deste ano.

O número de mortes violentas no primeiro semestre deste ano (3.457) cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2016. Foi o pior primeiro semestre desde 2009 (3.893).

A ação durou cerca de 15h. Ela começou de madrugada com militares do Exército e da Marinha ocupando o complexo de favelas do Lins, na zona norte do Rio.

Por volta das 3h30, os primeiros homens se infiltrara­m pelas matas que dão acesso às comunidade­s. Em seguida, policiais entraram com carros blindados pela ruas.

No final da tarde, pouco depois das 17h, os militares deixaram as comunidade­s.

De acordo com o Comando Militar do Leste, 3,6 mil homens da Brigada de Infantaria Paraquedis­ta e dos Fuzileiros Navais participar­am da ação.

A estrada Grajaú-Jacarepagu­á ficou fechada até o final da tarde para facilitar a movimentaç­ão das tropas.

O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, classifico­u a operação de “exitosa” e afirmou que “é bom para todos” que poucos confrontos tenham ocorrido.

“Não estamos em busca de confronto. O nosso desejo é fazer prisões. Os confrontos acontecem porque os criminosos dão o primeiro tiro. Se ele evadir e não tiver confronto, é melhor para todos. Eles se intimidara­m e não fizeram o confronto”, disse o secretário.

Neste domingo (6), as tropas federais deverão realizar novas operações em outros pontos da cidade.

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Apu Gomes/AFP Militares em ação no complexo de favelas do Lins; operação das tropas federais durou 15 horas e contou com aproximada­mente 5 mil profission­ais

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