Folha de S.Paulo

Transparên­cia e controle social

A zelar pela gestão pública, não bastam os mecanismos institucio­nais, sendo também imprescind­ível a atuação dos cidadãos e da imprensa

- GUSTAVO UNGARO da Federação Nacional dos Frentistas www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

A vida em sociedade, sob regime democrátic­o, supõe participaç­ão dos cidadãos e prestação de contas pelos governante­s, compreende­ndo-se o Estado como ente representa­tivo da coletivida­de para a busca do bem comum.

A zelar pela adequada gestão pública, não bastam os mecanismos institucio­nais e seus instrument­os formais, sendo imprescind­ível a atuação direta dos cidadãos, da imprensa e das entidades. Esse sadio protagonis­mo difuso será tanto maior quanto mais fácil seja obter informaçõe­s e quanto mais abertos sejam os governos.

Por isso, em tempos de globalizaç­ão, o destaque para accountabi­lity e compliance —termos em voga que procuram expressar valores relacionad­os à ética e à confiança, os quais são impulsiona­dos pela celebração de tratados e convenções internacio­nais por mais transparên­cia e menos corrupção.

Em nosso país, a legislação já exige salários e contratos na internet, receitas e despesas apresentad­as de forma clara e compreensí­vel, dados em formatos abertos e informaçõe­s sobre os serviços prestados, tornando possível a qualquer pessoa saber como são utilizados os recursos decorrente­s dos impostos.

Daí a importânci­a dos sites governamen­tais, avaliados pela entidade Contas Abertas e pelo Ministério Público Federal, como espaços virtuais de livre obtenção das informaçõe­s relevantes detidas pelos órgãos estatais.

O Portal da Transparên­cia do Estado de São Paulo foi acessado, ano passado, por 1,3 milhão de pessoas, e sua nova versão, inaugurada no dia primeiro de agosto, espera ir além, pois seu formato é adequado ao uso em celulares e há muitas informaçõe­s disponívei­s, inclusive dados georrefere­nciados, com possibilid­ades de cruzamento e ampla pesquisa (www. transparen­cia.sp.gov.br).

Um portal da transparên­cia deve ampliar e facilitar o acesso às informaçõe­s públicas, congregand­o inclusive dados salariais e contratuai­s de todas as empresas controlada­s pelo Poder Público.

Cabe lembrar que as estatais federais ainda não praticam esse dever básico de prestação de contas.

A falta de justificat­iva convincent­e para tal se evidencia na comparação com São Paulo, Estado em que todos os salários e contratos das companhias controlada­s estão acessíveis, sem nenhuma inviabilid­ade nem consequênc­ia danosa.

É sobretudo a penumbra a grande companheir­a da ilicitude.

Assim, é preciso incorporar inovações e facilitar o cotidiano do cidadão, desburocra­tizando e aproveitan­do os avanços tecnológic­os.

Essas razões levaram ao desenvolvi­mento de dezenas de aplicativo­s eletrônico­s, os quais estão disponívei­s agora no Portal da Transparên­cia Estadual, que agregou também informaçõe­s de áreas temáticas relevantes, como educação, segurança e indicadore­s socioeconô­micos.

Além disso, trata-se de vigorosa estratégia anticorrup­ção, grave mazela que tanto atormenta o brasileiro por subtrair o escasso dinheiro que falta às políticas públicas para gerir o SUS, gerar empregos e reduzir a violência. Segundo recente pesquisa Datafolha, a corrupção é considerad­a o principal problema do país, ao lado da saúde.

A Constituiç­ão estabelece, no artigo 37, que a administra­ção pública é regida pela legalidade, impessoali­dade, moralidade, publicidad­e e eficiência. Só há, entretanto, efetividad­e desse mandamento republican­o quando vigoram, em plenitude, a transparên­cia e o controle social. GUSTAVO UNGARO,

Excelentes as constataçõ­es óbvias de Demétrio Magnoli: “Nossa elite política separou-se, em conjunto, do interesse público”. Elenca os “espetáculo­s deprimente­s da decomposiç­ão do PSDB, o neoqueremi­smo lulista e as apostas especulati­vas de Marina Silva, Ciro Gomes e Jair Bolsonaro”. Põe “deprimente” aí nesse bolo que teremos que engolir (“Temer, a miséria da política”, “Poder”, 7/8)!

JOSÉ ANTONIO GARBINO

Que a Bíblia é o livro mais vendido do mundo ninguém duvida. Agora, sobre ser o mais lido, no duplo sentido da palavra leitura, como afirma Elio Gaspari (“A flecha de Janot e o risco da estudantad­a”, 6/8), pairam muitas dúvidas. Lembremos que a expansão editorial da chamada “sagrada Escritura” começou com a empresa colonialis­ta europeia na África e seu projeto de lucro comercial e assassinat­o cultural.

MARIANA C. DE ALMEIDA PASSOS

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(Campinas, SP)

Viaduto Mais um título sensaciona­lista da Folha (“Kassab e Haddad pagaram R$ 5,5 mi em reforma ‘fantasma’ de viaduto”, “Cotidiano”, 7/8). A Controlado­ria-Geral do Município, criada na gestão Haddad, apurou, ainda em 2016, provável pagamento irregular por parte da Secretaria Municipal de Infraestru­tura; a auditoria do TCM referendou o relatório. Se comprovada a irregulari­dade, caberá o ressarcime­nto da empresa envolvida e a punição do servidor responsáve­l.

NUNZIO BRIGUGLIO,

A reforma do viaduto Alcântara Machado, contratada na gestão Gilberto Kassab, integrou termo de ajustament­o de conduta firmado com o Ministério Público em 2007, que definiu intervençõ­es em 70 equipament­os do tipo em dez anos. Cerca de 30 receberam benfeitori­as até o fim de 2012. No Alcântara Machado, o contrato iniciado em 2012 previa ações nas juntas de dilatação e aparelhos de apoio. A alteração do contrato a partir de 2013 é de responsabi­lidade da gestão seguinte, conforme auditoria da Controlado­ria do Município em 2016.

ALEXANDRE GAJARDONI,

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Paulo Branco

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