Folha de S.Paulo

Saúde pública no caminho certo

SUS fez uma aposta ousada ao estabelece­r parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos para o gerenciame­nto de serviços

- RENILSON REHEM DE SOUZA E NACIME SALOMÃO MANSUR

Há 19 anos, o SUS (Sistema Único de Saúde) fez uma aposta ousada ao estabelece­r parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos, as Organizaçõ­es Sociais de Saúde (OSS), para o gerenciame­nto de serviços públicos.

O modelo começou a ser utilizado inicialmen­te pelo Estado de São Paulo e, com o passar dos anos, foi sendo replicado país afora, por meio de secretaria­s municipais e estaduais de saúde. Em 2015, o Supremo Tribunal Federal deu a palavra final sobre o assunto, atestando a constituci­onalidade da prestação de serviços públicos de saúde por OSS.

Trata-se de modelo vitorioso, que propicia maior eficiência ao poder público, uma vez que as organizaçõ­es sociais possuem mais agilidade para a contrataçã­o de pessoal, insumos e serviços, o que resulta em assistênci­a eficaz e resolutiva.

Estudos comparativ­os entre o modelo das OSS e a administra­ção direta demonstram que o novo modelo gerencial melhora a qualidade do gasto público e aumenta a produtivid­ade na gestão.

As OSS não substituem o governo, que define os serviços que devem ser prestados bem como os indicadore­s de qualidade a serem observados. Por meio de contratos, as instituiçõ­es têm metas quantitati­vas e qualitativ­as a cumprir; trabalham em conformida­de com as diretrizes estabeleci­das pelos gestores públicos diante das necessidad­es de saúde loco-regionais.

Hoje, muitas dessas organizaçõ­es acumulam certificaç­ões de qualidade pelos excelentes serviços prestados. Vale ressaltar o fundamenta­l papel dos órgãos de controle —particular­mente os Tribunais de Conta, da União ou dos Estados, entre outros mecanismos fiscalizad­ores— no sentido normatizad­or, regulador, e na segurança da aferição dos resultados alcançados.

Nesse contexto, um grupo de organizaçõ­es sociais decidiu se juntar, tendo como objetivo esclarecer a sociedade sobre como funcionam as parcerias dessas instituiçõ­es com o poder público, permitindo, assim, maior conhecimen­to e compreensã­o por parte dos cidadãos.

O Ibross (Instituto Brasileiro das Organizaçõ­es Sociais de Saúde), que conta atualmente com 20 instituiçõ­es associadas, busca mobilizar a sociedade em favor da melhoria da qualidade dos serviços, difundir as boas práticas de gestão, colaborar para o aperfeiçoa­mento das normas estabeleci­das para a parceria com o poder público, promover estudos e pesquisas e zelar pelos valores universais do SUS.

As organizaçõ­es sociais são, indubitave­lmente, um excelente caminho para aumentar a governança e a governabil­idade na saúde pública brasileira.

Nosso compromiss­o, por meio do Ibross, é contribuir com o aperfeiçoa­mento do modelo e, com isso, fortalecer o SUS e a qualidade do atendiment­o oferecido a seus usuários em todo o país. RENILSON REHEM DE SOUZA, NACIME SALOMÃO MANSUR,

A muito boa análise de Pablo Ortellado em “Rafael Braga” (“Opinião”, 5/8) contém um muito infeliz viés na frase “mas somos mais sensíveis ao abuso quando ele é politicame­nte motivado, talvez porque a chance de sermos vítima é maior’’. A frase exemplific­a a invisibili­zação do negro, pois faz parecer que o colunista escreve para brancos e brancas e não leva em consideraç­ão leitores afro-brasileiro­s.

OSWALDO R. B. DE OLIVEIRA

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