Folha de S.Paulo

Não, são situações diferentes. Lula é réu e condenado. Alckmin não responde a nenhum processo.

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Folha - O sr. é conhecido como articulado­r, mas não tem visibilida­de como gestor. Se assumir o governo, como mostrará que tem capacidade para administra­r o Estado?

Márcio França - Fui prefeito reeleito da cidade com um dos cinco menores orçamentos per capitadopa­ís,SãoVicente(SP). Gerenciars­ituaçõesdi­fíceisnão é novidade para mim. No caso deSP,nãodáparai­maginarque é um governo novo. Já será um processo eleitoral, é impossível descasar as duas coisas. E Alckmin será o franco favorito. Por quê?

Ele reúne as melhores condições. Escrevi três anos atrás que o Brasil estaria passando por uma crise de instabilid­ade e a população estaria à procura de algo estável, sereno. Encontrari­a o anestesist­a de Pinda, o marido apaixonado da dona Lu e o picolé de virtudes chamado Alckmin. O Estado tem também outro nome, o de João Doria.

O Estado tem vários nomes. Mas, disponívei­s, poucos. Quem espera de Doria ingratidão não vai acertar. Existem amigos que colocam panos e amigos que jogam gasolina. Por que se joga gasolina?

Porque enfraquece Alckmin. Ele tem posição nacional privilegia­da, suas posições se encaixam melhor ao centro, tem perspectiv­a de trazer um público que Doria não tem. No Datafolha, Ciro [Gomes (PDT)] ganha do Doria e perde para Alckmin no segundo turno [dentro da margem de erro]. Se o ex-presidente Lula (PT) for candidato, Ciro não deve ser.

Imagino que Lula não será candidato. Na eleição passada, prefeitos com chances não se lançaram porque tinham situações jurídicas tortas. O mesmo argumento não vale para Alckmin, envolvido na Operação Lava Jato? Se Alckmin virar réu até lá, a candidatur­a fica inviável?

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