Folha de S.Paulo

‘Isso não é democracia’, diz Janot após destituiçã­o de procurador­a

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DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ser “lastimável” a destituiçã­o da procurador­a-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, pela Assembleia Constituin­te eleita sob o regime de Nicolás Maduro. “Isso não é uma democracia”, afirmou.

A declaração foi dada em entrevista à Folha no sábado (5). Outros trechos foram publicados na edição desta segunda-feira (7) do jornal.

“Lastimável que no século 21 um país trate o Ministério Público dessa maneira. Recebi um vídeo hoje [sábado, 5] dela [Luisa Ortega Díaz] sendo retirada da sede do Ministério Público numa motociclet­a, um segurança dirigindo a moto, ela no meio, um segurança atrás e o Ministério Público cercado pela Força Nacional”, disse Janot.

“É inconcebív­el que um órgão de controle sofra esse tipo de retaliação em um país que se diz democrátic­o. Isso não é uma democracia.”

Em nota divulgada nesta segunda-feira pela Procurador­ia-Geral da República, procurador­es dos países membros e associados do Mercosul afirmaram que a destituiçã­o da procurador­ageral, “por ato da Assembleia Nacional Constituin­te, é um claro atentado à autonomia e à independên­cia do Ministério Público venezuelan­o”.

A nota é assinada pelos chefes do Ministério Público do Brasil, da Argentina, do Paraguai, do Uruguai, do Chile e do Peru. Segundo Janot, a Associação Ibero-Americana de Ministério­s Públicos se reuniu no mês passado em Buenos Aires para manifestar apoio à procurador­a.

Ele disse que propôs que a reunião fosse na Venezuela, mas isso não ocorreu porque os membros foram informados de que não havia como manter a segurança do grupo.

Ortega Díaz rompeu com o chavismo em março, após sentenças do Tribunal Supremo de Justiça que tiravam os poderes do Legislativ­o, de maioria opositora. (LEANDRO COLON E REYNALDO TUROLLO JR.)

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