61% acham que May vai negociar mal o ‘brexit’, diz pesquisa
Levantamento da consultoria ORB indica piora da confiança pública desde eleições antecipadas em junho
Índice era de 46% até conservador perderem maioria parlamentar; só 41% dizem crer em melhora econômica
A aposta da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, em uma eleição antecipada para reforçar seu poder de negociação saiu pela culatra e abalou a confiança da população britânica no governo, indica pesquisa de opinião da consultoria ORB.
Segundo o levantamento divulgado nesta segunda (7), quase dois terços dos eleitores britânicos estão pessimistas hoje em relação à abordagem de Londres para a desfiliação britânica da União Europeia, o chamado “brexit”.
O Partido Conservador, de May, perdeu a maioria que tinha no Parlamento em junho, quando 46% desaprovavam a forma como o governo conduzia as negociações do “brexit”, segundo a pesquisa. Esse rechaço saltou então para 56% em julho e neste mês chegou a 61%, mostra levantamento feito nos dias 2 e 3.
“O monitoramento do ‘brexit’ neste mês leva a crer que o dano de um revés eleitoral continua a criar dúvidas sobre o “brexit”, disse Johnny Heald, diretor da ORB.
O Reino Unido tem até março de 2019 para negociar os termos da separação —a Carta do bloco impõe como prazo máximo de desligamento dois anos após acionado o mecanismo de ruptura.
Os debates pouco têm progredido, porém, e representantes da União Europeia alertaram que as negociações podem ser adiadas. “A confiança [do eleitorado] de que a primeira-ministra será capaz de negociar o acordo certo continua frágil”, disse Heald.
Quando indagadas se confiam que May conseguirá o melhor acordo, 44% das pessoas dizem “não”, ante 35% que afirmam que sim e 21% que dizem não saber.
O levantamento também insinua arrependimento de parte do eleitorado e deixa mais claras as razões que levaram a maioria dos votantes a optar pela saída da UE, em plebiscito em junho de 2016.
Para 65% dos participantes da pesquisa, o Reino Unido passará a ter mais controle de suas fronteiras e dos imigrantes que passam por ela; já o argumento de que a saída fortalecerá a economia e os empregos no país, usado na campanha, é corroborado por 40% do eleitorado.
Mas os eleitores parecem não se decidir sobre qual dos dois pontos é mais importante. Enquanto 44% dizem ser o controle migratório, 41% afirmam que o acesso ao mercado europeu seria mais valioso, e 15% não sabem.
A ORB ouviu 2.076 eleitores no Reino Unido, e a margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais.
Reuters