Folha de S.Paulo

Poeta das causas sociais na zona leste de SP

- DANIEL MARQUES (1989-2017) RAFAEL BALAGO REGINA ALCEBÍADES FERREIRA BISIAos 75, viúva de Hélio Bisi. Crematório da Vila Alpina, av. Francisco Falconi, 437, Jd. Avelino. MARIA THEREZINHA SIMÕES NAZARIAN - Nesta terça (8), às 19h30, Igreja Assunção de Nossa

“Todo bicho tem direito a moradia / Por que eu não teria? / Até cobra debaixo da terra / João-de-barro nos pé de árvore / E o sabiá tem donde morá / E eu? / Onde vô pará?”. Os versos do poeta Daniel Marques questionav­am a falta de moradias para os pobres e outros problemas sociais, como o racismo e a violência nas periferias.

“Gosto de escrever o que sinto. Não me considero um escritor. Vou com o coração”, disse a uma amiga. Além de fazer versos, ajudou a criar espaços para que os artistas da periferia possam dizer o que pensam e mostrar as várias formas de arte que criam, como música, dança e poesia.

Na adolescênc­ia, Daniel foi ator em peças de teatro da Igreja São Paulo Apóstolo, no Itaim Paulista, extremo leste da cidade. Nos anos seguintes, aprendeu outras artes, como a percussão do maracatu e o jongo africano.

Em 2009, aos 20 anos, foi um dos criadores do sarau O Que Dizem os Umbigos?, também no Itaim Paulista. No ano seguinte, participou da ocupação da Funarte e de ações contra o congelamen­to de verbas municipais para a cultura das periferias.

Sua luta por mais investimen­tos na cultura seguiu forte, com a participaç­ão em audiências na Câmara Municipal, ocupações culturais e outras ações. Em 2016, um dos projetos que defendia virou lei municipal: o Programa de Fomento à Cultura da Periferia.

Daniel foi encontrado morto em 31 de julho, mesmo mês em que completou 28 anos, após problemas de depressão. Publicou seu trabalho em algumas coletâneas mas, na internet, há diversos vídeos onde declama versos que criou. coluna.obituario@grupofolha.com.br 7º DIA 1º MÊS

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