DE VOLTA À ATIVA
Projetos on-line e presenciais incentivam novas mães a se exercitar com os bebês; atividade pode ajudar na recuperação do corpo e na socialização
Mulheres que deram à luz há pouco tempo não precisam mais escolher entre cuidar do bem-estar físico ou cuidar do bebê recém-nascido. Aulas em grupo repaginadas e serviços on-line, que oferecem vídeos, unem a prática de exercícios para todos os gostos com o contato com bebês.
“Eu quero ficar com meu filho. Não ia deixá-lo com uma babá e passar uma tarde de madame. Eu tive um bebê para cuidar dele”, afirma a florista Marina Gurgel, 31, mãe de Benjamin, 9 meses.
Gurgel é uma das mães que frequenta o Projeto Umbigo, em São Paulo. A iniciativa começou com a necessidade da mulher de Pedro Sobral, professor de educação física, de voltar às atividades físicas.
“O foco era acolher essas mães, tirá-las de casa e trazêlas para a vida social”, diz Sobral, segundo o qual também há uma ideia de troca de informação sobre a maternidade nas aulas do projeto.
Do ponto de vista prático, Sobral usa pilates e treinamento funcional para fortalecer a musculatura, melhorar a postura e, com isso, evitar dores pelo corpo.
No mesmo caminho, o Dança Materna, também em São Paulo, aposta —como o nome indica— na dança como atividade física e como forma de “fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê, com pais sendo bem-vindos”, segundo a professora Tânia Silva.
Letícia Penedo, 35, professora de artes e mãe de Olívia, com quase 5 meses, conta que, além da vontade de vencer o dia a dia “maçante sozinha em casa com a filha”, a dança é uma forma de se resgatar.
“Eu sinto o corpo pedindo socorro. Tenho dor no braço, na lombar e nas costas, e ela é levinha, imagina um bebê grandão”, diz Penedo, após a aula de dança, que acabou servindo para ninar Olívia.
Para Marco Borges, obstetra do Hospital das Clínicas da USP e autor de um livro sobre atividades no puerpério, é interessante levar a criança, mas talvez não em todas as aulas. “A mãe quer um momento dela. Há tanto envolvimento com a amamentação e o cuidado com o bebê que aquela atividade física vira higiene mental”, afirma ele.
De acordo com Renato Ajeje, obstetra da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, além do bem estar físico, o exercício no pós-parto é importante para trabalhar a postura.
Borges afirma que mulheres que tiveram parto normal e sem maiores complicações podem começar a fazer caminhadas leves do 10º ao 30º dia, aumentando a intensidade a partir do 40° dia. Depois de 60 dias, as atividades podem ser feitas quase normalmente, dependendo de como correu a gravidez.
Em casos de cesarianas, é aconselhável um repouso maior, entre 30 e 45 dias, segundo Ajeje. De toda forma, é importante que, antes de iniciar qualquer tipo de atividade física, haja avaliação e liberação do obstetra.
“Quando nasce o bebê, já vamos para o quarto com a expectativa de ter sumido a barriguinha”, diz a arquiteta Fernanda Regolin, 39, mãe de duas crianças. Ela participa do Mães Ativas, na cidade de Campinas (SP).
O projeto, que ensina exercícios numa academia de crossfit e possibilita a presença dos bebês na aula, surgiu quando a educadora física Joana Magalhães teve seu primeiro filho e, para se exercitar, corria só no quarteirão de casa, para estar próxima ao bebê caso ele precisasse.
Para facilitar a malhação, alguns projetos oferecem aulas on-line, como é o caso do Mamãe Sarada, idealizado pela educadora física Gabriela Cangussu.
Por meio do projeto, as mães têm acesso a vídeos de orientação para dez exercícios funcionais e mais dois feitos junto com os bebês. Os exercícios diários, segundo Cangussu, duram 14 minutos e dispensam o uso de qualquer acessório.
Na mesma linha, o PósParto em Forma, de Gizele Monteiro, oferece um e-book, vídeos e planilhas para monitorar treinamentos e buscar a melhora física. Nesse caso, não há opção de atividades com o bebê —só com consultoria personalizada.
Os preços de todos os serviços variam bastante —começam de R$ 70 por uma aula avulsa até cerca de R$ 1.000 por pacote on-line.