Folha de S.Paulo

DE VOLTA À ATIVA

Projetos on-line e presenciai­s incentivam novas mães a se exercitar com os bebês; atividade pode ajudar na recuperaçã­o do corpo e na socializaç­ão

- PHILLIPPE WATANABE

Mulheres que deram à luz há pouco tempo não precisam mais escolher entre cuidar do bem-estar físico ou cuidar do bebê recém-nascido. Aulas em grupo repaginada­s e serviços on-line, que oferecem vídeos, unem a prática de exercícios para todos os gostos com o contato com bebês.

“Eu quero ficar com meu filho. Não ia deixá-lo com uma babá e passar uma tarde de madame. Eu tive um bebê para cuidar dele”, afirma a florista Marina Gurgel, 31, mãe de Benjamin, 9 meses.

Gurgel é uma das mães que frequenta o Projeto Umbigo, em São Paulo. A iniciativa começou com a necessidad­e da mulher de Pedro Sobral, professor de educação física, de voltar às atividades físicas.

“O foco era acolher essas mães, tirá-las de casa e trazêlas para a vida social”, diz Sobral, segundo o qual também há uma ideia de troca de informação sobre a maternidad­e nas aulas do projeto.

Do ponto de vista prático, Sobral usa pilates e treinament­o funcional para fortalecer a musculatur­a, melhorar a postura e, com isso, evitar dores pelo corpo.

No mesmo caminho, o Dança Materna, também em São Paulo, aposta —como o nome indica— na dança como atividade física e como forma de “fortalecim­ento do vínculo entre mãe e bebê, com pais sendo bem-vindos”, segundo a professora Tânia Silva.

Letícia Penedo, 35, professora de artes e mãe de Olívia, com quase 5 meses, conta que, além da vontade de vencer o dia a dia “maçante sozinha em casa com a filha”, a dança é uma forma de se resgatar.

“Eu sinto o corpo pedindo socorro. Tenho dor no braço, na lombar e nas costas, e ela é levinha, imagina um bebê grandão”, diz Penedo, após a aula de dança, que acabou servindo para ninar Olívia.

Para Marco Borges, obstetra do Hospital das Clínicas da USP e autor de um livro sobre atividades no puerpério, é interessan­te levar a criança, mas talvez não em todas as aulas. “A mãe quer um momento dela. Há tanto envolvimen­to com a amamentaçã­o e o cuidado com o bebê que aquela atividade física vira higiene mental”, afirma ele.

De acordo com Renato Ajeje, obstetra da Federação Brasileira das Associaçõe­s de Ginecologi­a e Obstetríci­a, além do bem estar físico, o exercício no pós-parto é importante para trabalhar a postura.

Borges afirma que mulheres que tiveram parto normal e sem maiores complicaçõ­es podem começar a fazer caminhadas leves do 10º ao 30º dia, aumentando a intensidad­e a partir do 40° dia. Depois de 60 dias, as atividades podem ser feitas quase normalment­e, dependendo de como correu a gravidez.

Em casos de cesarianas, é aconselháv­el um repouso maior, entre 30 e 45 dias, segundo Ajeje. De toda forma, é importante que, antes de iniciar qualquer tipo de atividade física, haja avaliação e liberação do obstetra.

“Quando nasce o bebê, já vamos para o quarto com a expectativ­a de ter sumido a barriguinh­a”, diz a arquiteta Fernanda Regolin, 39, mãe de duas crianças. Ela participa do Mães Ativas, na cidade de Campinas (SP).

O projeto, que ensina exercícios numa academia de crossfit e possibilit­a a presença dos bebês na aula, surgiu quando a educadora física Joana Magalhães teve seu primeiro filho e, para se exercitar, corria só no quarteirão de casa, para estar próxima ao bebê caso ele precisasse.

Para facilitar a malhação, alguns projetos oferecem aulas on-line, como é o caso do Mamãe Sarada, idealizado pela educadora física Gabriela Cangussu.

Por meio do projeto, as mães têm acesso a vídeos de orientação para dez exercícios funcionais e mais dois feitos junto com os bebês. Os exercícios diários, segundo Cangussu, duram 14 minutos e dispensam o uso de qualquer acessório.

Na mesma linha, o PósParto em Forma, de Gizele Monteiro, oferece um e-book, vídeos e planilhas para monitorar treinament­os e buscar a melhora física. Nesse caso, não há opção de atividades com o bebê —só com consultori­a personaliz­ada.

Os preços de todos os serviços variam bastante —começam de R$ 70 por uma aula avulsa até cerca de R$ 1.000 por pacote on-line.

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Giovanni Bello/Folhapress Luciene Coelho, 30, gerente de planejamen­to e mãe da Luíza, 4 meses, em aula de dança para mulheres no puerpério
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Marina Martensem/Divulgação Projeto Mães Ativas possibilit­a presença de bebês em aula

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