Folha de S.Paulo

Procurador­ia acusa ‘bônus’ de propina a Cabral

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DO RIO

O desconto de 50% no IPVA concedido pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) às empresas de ônibus rendeu um “bônus” de propina ao peemedebis­ta de R$ 13 milhões, afirmou o Ministério Público Federal.

A informação consta de uma das duas novas denúncias contra Cabral, proposta na segunda (7), em decorrênci­a das investigaç­ões da Operação Ponto Final. Ele teria recebido R$ 144,7 milhões entre 2010 e 2016 das empresas de ônibus. O juiz Marcelo Bretas aceitou as denúncias.

O desconto concedido por Cabral tramitou por apenas um dia nos gabinetes do Estado, como revelou a Folha em junho. O decreto gerou uma renúncia fiscal estimada de R$ 36 milhões.

“Não havia qualquer estudo sobre a redução na tarifa com esse desconto. Elas foram reajustada­s pelo IPCA como sempre foram”, disse a procurador­a Marisa Ferrari.

E-mails obtidos pelo MPF mostram como o ex-governador mudou, em apenas seis dias, de posição sobre o desconto. No dia 9 de janeiro de 2014 Cabral disse que ele não seria possível.

“Isso tem que ser tratado com muito cuidado. Vivemos um momento difícil nas finanças públicas. [...] Tenha certeza que no momento apropriado será feito, pois o pleito é justo”, escreveu Cabral a Lélis Teixeira, então presidente da Fetranspor (federação das empresas de ônibus), também preso e denunciado.

Para os investigad­ores, o repasse de R$ 13 milhões em janeiro e fevereiro de 2014 destoou das transferên­cias habituais mensais, que iam de R$ 400 mil a R$ 1 milhão.

A defesa de Cabral afirmou que as denúncias fazem parte do “ataque sistemátic­o do Ministério Público contra o ex-governador. A Fetranspor disse colaborar com as autoridade­s.

(ITALO NOGUEIRA)

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